COP30 começa em Belém com 111 temas prioritários e forte cobrança por ação global

Descrição (SEO): A COP30 teve início nesta segunda (10), em Belém, com 111 pontos prioritários na agenda e o desafio de transformar promessas em ações. O Brasil busca consolidar sua liderança climática enquanto lida com entraves logísticos e políticos na condução das negociações.

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) começou, na manhã desta segunda-feira (10), em Belém, com uma extensa Agenda de Ações voltada a aproximar a diplomacia internacional da vida cotidiana das pessoas.

Inicialmente, o plano era concentrar os trabalhos em 100 itens a serem discutidos entre os 194 países-membros e a União Europeia. No entanto, o número subiu para 111 temas prioritários, que precisarão ser trabalhados até o encerramento do evento, em 21 de novembro.

As negociações para o fechamento da agenda se estenderam até as 23h do domingo (9), com impasses sobre oito propostas de inclusão, entre elas: financiamento climático de países desenvolvidos para os em desenvolvimento, comércio internacional, revisão das metas de emissões (NDCs), transparência, transição energética na África e impactos climáticos em áreas montanhosas.

Segundo Túlio Andrade, diretor de estratégia da COP30, o tema sobre florestas foi retirado para destravar o início dos debates. Já o tópico “Saúde e clima” foi incorporado à área de adaptação. Outros pontos, como as condições especiais da transição africana, serão analisados individualmente pela presidência da conferência.

“Esses temas vão para consultas da presidência, que a gente vai liderar a partir de hoje, e na quarta-feira (12) teremos uma plenária para informar a decisão”, explicou Andrade.

Durante a cerimônia de abertura, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, agradeceu o empenho das delegações. “Esse acordo vai nos permitir explicar ao mundo como esses recursos adicionais importam e iniciar os trabalhos sem atraso”, destacou.

Agenda temática e blocos de trabalho

Ao longo dos dias, os debates foram divididos em blocos para facilitar as discussões e acelerar os consensos:
  • 10 e 11 de novembro: Adaptação, cidades, infraestrutura, água, resíduos, bioeconomia e inteligência artificial.
  • 12 e 13 de novembro: Saúde, emprego, educação, cultura, direitos humanos e balanço ético global.
  • 14 e 15 de novembro: Transformação dos sistemas de energia, transporte, indústria, comércio e finanças.
  • 17 e 18 de novembro: Gestão comunitária e ambiental, com foco em florestas, oceanos e biodiversidade.
  • 19 e 20 de novembro: Alimentação, agricultura, pesca, segurança alimentar e equidade de gênero.
O cronograma busca integrar o debate climático à agenda social e econômica, ressaltando o papel das populações vulneráveis e dos povos tradicionais no enfrentamento da crise global.
O papel do Brasil e os desafios de sediar a COP30

Para o Brasil, a COP30 representa uma oportunidade histórica de consolidar-se como liderança diplomática e ambiental, combinando credenciais ecológicas com influência política. O país chega à conferência após firmar compromissos ambiciosos para reduzir o desmatamento na Amazônia e expandir a matriz energética renovável, que já é uma das mais limpas do mundo.

Ao sediar o evento, o governo brasileiro busca reafirmar o papel do país como mediador entre economias desenvolvidas e emergentes, especialmente nas discussões sobre financiamento climático e responsabilidade compartilhada. A meta é garantir que o chamado “Mapa do Caminho Baku-Belém” — plano conjunto entre a COP29 e a COP30 para levantar US$ 1,3 trilhão anuais até 2035 — avance com base em compromissos reais e verificáveis.

No entanto, os desafios logísticos e estruturais de Belém também ganharam destaque. A cidade, embora estratégica por sua localização amazônica, enfrenta limitações de mobilidade urbana, infraestrutura hoteleira e conectividade digital. O governo federal e o governo do Pará investiram em obras emergenciais para adaptar a capital, mas há críticas quanto à capacidade de absorver o grande fluxo de delegações, imprensa e organizações não governamentais.

Analistas veem o evento como um teste de coordenação nacional, unindo ministérios, estados e municípios em uma agenda que combina diplomacia, ciência e logística. Para o Itamaraty, o sucesso da COP30 poderá pavimentar o caminho para uma nova fase da política externa brasileira, mais ativa na transição energética global e nas negociações sobre justiça climática.

Com uma agenda robusta e a pressão crescente por resultados concretos, a COP30 em Belém se tornou um marco geopolítico e ambiental. O Brasil busca transformar protagonismo em influência real, enquanto as negociações seguem em ritmo intenso para garantir que as promessas firmadas nas últimas décadas se convertam em ações efetivas até o fim da conferência.