O buraco é mais embaixo: a fábula da segurança no Rio
Nada contra o Estado combater o crime — é preciso, sim, combater o crime organizado ou não organizado. Mas o buraco é mais embaixo, muito mais embaixo.
As famílias pobres, principalmente as mães, são as verdadeiras vítimas nesse jogo de gato e rato em que se tornou o crime no Rio de Janeiro — algo inimaginável. Politizam-se vidas humanas — sejam cidadãos, policiais ou crianças — destruindo o futuro de um Estado unicamente por ambições políticas.
Cláudio Castro, governador herdeiro de outro governante cassado, supunha que a violência se resumia a matar, como se isso mudasse a cruel realidade do Rio de Janeiro. Este nosso governador — nosso não, de quem o elegeu — está envolvido até o pescoço na mais profunda corrupção do Estado. Criou a fábula de que matar muitos fará com que as pessoas ignorem seus crimes. Será?
Após sete anos de desgoverno, entregará o Rio a um caos ainda pior do que aquele que encontrou, deixando sua população à procura de um culpado pelas mazelas do andar de cima. Pois, diferentemente das comunidades, o andar de cima é imune à “justiça” e financia todo o veneno que assola, mata, assombra as mães pobres e cria dois Estados: o estado de choque das famílias pobres e o estado do andar de cima, que só vê as coisas de cima mesmo — com a “indigência de consciência social” de quem acha que bandido bom é bandido morto, desde que seja pobre, negro e filho dos outros.
EDUARDO DA SILVA
Um apaixonado por política, um profundo conhecedor dos temas centrais brasileiro e sempre disposto a analisar sem paixões, mas buscando a razão.
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