COP30 começa com entrega de 111 metas climáticas e foco em avanço das negociações internacionais
Belém (PA) — O primeiro dia da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) terminou com um resultado expressivo: 111 países entregaram seus relatórios de metas climáticas, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). A informação foi confirmada nesta segunda-feira (10) pela diretora executiva da COP30, Ana Toni, durante entrevista coletiva.
Esses relatórios são compromissos assumidos por cada país dentro do Acordo de Paris, e precisam ser atualizados a cada cinco anos. No entanto, até fevereiro deste ano, o número de submissões era considerado muito baixo. Antes do início da conferência, apenas 79 países haviam enviado suas metas.
“Hoje à tarde nós ficamos sabendo que já temos 111 relatórios de NDCs publicados”, comemorou Ana. “Temos 194 países credenciados para Belém e isso mostra que estamos fortalecendo o multilateralismo”, acrescentou.
Avanço nas negociações e abertura da agenda
Durante o primeiro dia do evento, também foi aprovada a agenda de ações da COP30, o que permite o avanço das negociações entre os países. Segundo Ana Toni, o documento reúne 145 temas prioritários que serão debatidos até o encerramento da conferência, no dia 21 de novembro.
“A grande notícia hoje é que conseguimos adotar a agenda de ações. Quero lembrar que, nos últimos quatro anos, não pudemos abrir a agenda no primeiro dia. Abrir a agenda no momento certo, neste contexto geopolítico, pode parecer pouco, mas é um grande passo. Sem isso, não é possível avançar”, destacou a diretora.
A aprovação da agenda logo no primeiro dia é considerada um marco, já que nas últimas quatro COPs — realizadas sob intensas divergências políticas — as negociações enfrentaram atrasos e impasses desde o início.
Tecnologia será ponto sensível nas negociações
Entre os 145 temas prioritários, a transferência de tecnologia e capacitação aparece como um dos pontos mais complexos. O Acordo de Paris prevê que os países mais ricos auxiliem as nações em desenvolvimento no acesso a tecnologias verdes, que contribuam para ações de mitigação e adaptação climática.
O tema já havia sido debatido em junho, durante a Sessão dos Órgãos Subsidiários da ONU (SB60) — também conhecida como Conferência sobre Mudança Climática de Bonn, realizada na Alemanha. O encontro funciona como uma preparação técnica para a COP e costuma definir as bases das negociações principais.
“No encontro de Bonn, o tema da tecnologia foi um dos poucos que não teve acordo. Esse será um dos pontos centrais da COP30: garantir transferência de capacidade e tecnologias para os países em desenvolvimento acelerarem seus planos de adaptação e suas NDCs”, explicou Ana Toni.
Desafios e expectativas para Belém
A COP30 reúne representantes de governos, cientistas, ambientalistas e membros da sociedade civil de quase 200 países. O evento ocorre em um contexto de crescentes fenômenos climáticos extremos, aumento das temperaturas globais e pressões para que os países cumpram suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.
Com a realização da conferência em Belém, o Brasil assume papel de destaque nas discussões climáticas, especialmente por sediar o evento na Amazônia, uma das regiões mais simbólicas para o debate ambiental mundial.
Especialistas avaliam que a entrega das NDCs e a rápida abertura da agenda dão um tom otimista ao início da conferência. No entanto, as negociações sobre financiamento climático, tecnologia e implementação das metas devem continuar sendo os principais desafios até o fim do evento.
COP30 começa em Belém com entrega de 111 metas climáticas nacionais (NDCs) e aprovação da agenda de ações. Diretora executiva, Ana Toni, diz que o avanço fortalece o multilateralismo, mas alerta que tecnologia será tema difícil nas negociações.
