Relator da “dosimetria” inicia negociações e descarta anistia ampla para condenados do 8 de janeiro

O relator do projeto da chamada “dosimetria”, deputado Paulinho da Força (SD-SP), iniciou nesta terça-feira (23) uma rodada de reuniões com bancadas partidárias para construir um texto alternativo à proposta de anistia ampla, geral e irrestrita, defendida pela oposição.

Segundo o parlamentar, a proposta em estudo prevê redução das penas impostas aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2022, mas não contempla o perdão total.

“No meu texto está redução de penas. Nesse caminho é que estamos trabalhando. Vou ouvir e vou sentir o meio-termo da Casa”, afirmou Paulinho.

Pressão do PL

A primeira reunião foi com a bancada do PL, a maior da Câmara. O encontro foi marcado por embates, já que os parlamentares rejeitaram a ideia de apenas reduzir as punições.

A deputada Bia Kicis (PL-DF) sustentou que o Parlamento não tem competência para alterar penas já fixadas, enquanto o líder do partido, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), classificou a iniciativa como inconstitucional.

“O relator é livre para fazer o texto que ele quer. Nós não vamos abrir mão da anistia”, disse Sóstenes.

Deputados chegaram a convidar Paulinho para visitar famílias de presos do 8 de janeiro, o que foi aceito pelo relator em caráter simbólico.

Relação com o governo e o STF

Durante a reunião, integrantes do PL questionaram a proximidade de Paulinho com o governo Lula, citando sua trajetória no sindicalismo, área ligada historicamente à esquerda. O deputado respondeu afirmando que sua indicação se deve à capacidade de transitar entre diferentes campos ideológicos e ao diálogo com o Supremo Tribunal Federal (STF).

Apesar das pressões, parlamentares do PL saíram desanimados, avaliando que o relator mantém posição firme contra a anistia total.

Republicanos e MDB

Em seguida, Paulinho se reuniu com o Republicanos e o MDB. O líder do Republicanos, Gilberto Abramo (MG), afirmou que a maioria da bancada prefere um texto alternativo que promova “pacificação”, mas sem perdão irrestrito.


“Temos uma ampla maioria que quer pacificação, que quer pautas que sejam boas para o país. Esse texto alternativo unifica o partido. É o que defendemos desde o início”, afirmou Abramo.

Ao final das reuniões, Paulinho avaliou que o debate avançou, apesar da resistência de setores da oposição.

“Foi muito importante ouvir o PL, que queria uma anistia ampla geral e irrestrita. Mas também ouvimos o Republicanos, com a opinião de salvar o Brasil dessa polêmica”, concluiu.