Macron elogia Lula na ONU e reforça parceria em meio a tensões globais
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Presidente da França, Emmanuel Macron, elogia o presidente Lula |
O presidente da França, Emmanuel Macron, elogiou publicamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após seu discurso na 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York. O gesto, registrado em vídeo e publicado nas redes sociais de ambos nesta quarta-feira (24), reforça a boa relação entre os dois líderes em um momento marcado por crises geopolíticas e pressões diplomáticas.
“Vi seu discurso nesta manhã, você é um grande guerreiro”, disse Macron, flexionando o braço em sinal de força. O encontro, breve e informal, ocorreu nos corredores da sede das Nações Unidas, na terça-feira, pouco antes de o francês subir à tribuna. Lula respondeu com votos de boa sorte ao aliado europeu.
Lula defende soberania e critica sanções dos EUA
No discurso que abriu os trabalhos da Assembleia, Lula afirmou que a soberania nacional “é inegociável” e aproveitou para repudiar ataques ao Judiciário, além de criticar as sanções impostas pelos Estados Unidos. O presidente brasileiro também citou a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como exemplo de resposta institucional a “tentativas autocráticas” contra a democracia.
A fala reforçou a posição do governo brasileiro em defesa de uma ordem internacional multipolar e alinhada à cooperação entre países em desenvolvimento, ao mesmo tempo em que marcou distância das medidas unilaterais de Washington.
Macron cobra Trump sobre a guerra em Gaza
Em sua vez na tribuna, Emmanuel Macron adotou um tom firme em relação ao conflito no Oriente Médio. O francês reiterou o reconhecimento do Estado da Palestina por parte da França e afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deveria assumir a liderança para encerrar a guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza.
“Se realmente deseja o Prêmio Nobel, Trump deve mostrar ao mundo que pode acabar com esta guerra”, declarou Macron, em uma cobrança direta ao aliado transatlântico.
Histórico da relação Brasil-França
O gesto de Macron em direção a Lula soma-se a uma série de encontros que têm sinalizado a retomada da parceria estratégica entre Brasil e França. Durante os anos de governo Jair Bolsonaro, as relações bilaterais foram marcadas por atritos, sobretudo em temas ambientais, como as queimadas na Amazônia, que geraram duras críticas de Macron e congelaram negociações importantes, como o acordo Mercosul-União Europeia.
Desde o retorno de Lula ao poder, a França tem se posicionado como um dos principais aliados europeus do Brasil na agenda climática e na discussão sobre a reforma das instituições multilaterais. Macron já declarou apoio a iniciativas brasileiras como o Fundo Amazônia e defendeu uma aliança franco-brasileira para acelerar a transição energética e o combate ao desmatamento.
Esse alinhamento também se reflete no cenário econômico. O governo francês pressiona por salvaguardas ambientais mais rígidas no acordo Mercosul-UE, mas a aproximação com Lula abre espaço para avançar nas negociações travadas por quase duas décadas. A parceria, portanto, é vista como estratégica não apenas para o meio ambiente, mas também para o comércio internacional e para a posição de ambos os países em fóruns multilaterais.
Projeção internacional de Lula
A interação amistosa com Macron reforça a estratégia de Lula de recolocar o Brasil no centro do debate global. Ao se aproximar de lideranças como o francês, o presidente brasileiro busca consolidar sua imagem como articulador do Sul Global, defensor da democracia e da soberania nacional diante de pressões externas.
A leveza do encontro entre os dois líderes nos corredores da ONU, já vista em reuniões anteriores, é também simbólica: sinaliza que, em um mundo polarizado, Brasil e França encontram terreno comum em pautas estratégicas que vão do clima à segurança internacional.
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