Lula minimiza diferenças e diz que tratará Trump com respeito em eventual encontro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (24) que pretende manter uma relação de respeito mútuo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em caso de um encontro formal entre os dois chefes de Estado.
“Somos dois homens de 80 anos e não tem que ter brincadeira. Acho que vamos conversar como dois seres humanos civilizados, não tem espaço para brincadeiras”, declarou Lula em entrevista coletiva concedida na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, onde participou da Assembleia-Geral.
A fala ocorreu após questionamento de uma jornalista sobre se o brasileiro teme constrangimentos em uma eventual reunião na Casa Branca, como os que Trump já provocou a líderes estrangeiros em ocasiões anteriores, entre eles o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e o sul-africano Cyril Ramaphosa.
Trump cita “química” com Lula em discurso na ONU
Na véspera, em seu discurso na Assembleia-Geral, Trump afirmou que teve um encontro breve com Lula nos bastidores e disse ter sentido uma “química” entre ambos. Ele também indicou a possibilidade de uma conversa mais aprofundada já na próxima semana.
Lula confirmou a percepção do americano e disse acreditar que esse fator pode contribuir para aproximar os dois países.
“Pintou uma química mesmo. Aquilo que parecia impossível, deixou de ser impossível e aconteceu. Fiquei feliz quando ele disse que pintou uma química boa entre nós. Como eu acho que a relação humana é 80% química e 20% emoção, é muito importante essa relação. Torço para que dê certo, porque Brasil e Estados Unidos são as duas maiores democracias do continente”, afirmou o presidente brasileiro.
Contexto diplomático
O tom amistoso entre Lula e Trump chama atenção pelo contraste em relação aos últimos anos, marcados por tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), que era aliado declarado de Trump.
Analistas apontam que um eventual estreitamento entre Lula e o presidente americano pode ter reflexos não apenas comerciais, mas também em temas sensíveis da agenda internacional, como clima, democracia e segurança global.