Lula anuncia aporte histórico de US$ 1 bilhão em fundo internacional para preservação de florestas tropicais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta terça-feira (23), em Nova York, que o Brasil será o primeiro país a aportar recursos no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). O investimento inicial será de US$ 1 bilhão, demonstrando a disposição do governo brasileiro em liderar esforços internacionais para a preservação ambiental.

“O Brasil vai liderar pelo exemplo e se tornar o primeiro país a se comprometer com investimento no fundo, com 1 bilhão de dólares”, declarou Lula, ao participar de reunião que discutiu o novo mecanismo financeiro para a proteção da mata nativa.

O presidente ressaltou que o TFFF representa um investimento global contra a crise climática, não um gesto de caridade:

“As florestas tropicais são fundamentais para manter vivo o propósito de limitar o aquecimento global a 1,5°. O TFFF não é caridade, é um investimento na humanidade e no planeta contra a ameaça de devastação pelo caos climático.”

O Fundo Florestas Tropicais para Sempre

A iniciativa tem como objetivo viabilizar pagamentos a países que comprovarem a conservação de suas florestas tropicais, fortalecendo políticas de preservação. O modelo prevê o repasse de US$ 4 por hectare preservado, mediante relatórios anuais auditados e monitoramento via satélite.

Os países que descumprirem metas ou registrarem desmatamento terão os repasses suspensos. Além disso, 20% dos recursos serão destinados obrigatoriamente a povos indígenas e comunidades tradicionais, reforçando a proteção a territórios ancestrais e populações vulneráveis.

Segundo o governo brasileiro, a expectativa é que os países investidores destinem um aporte inicial de US$ 25 bilhões, com potencial de atrair mais US$ 100 bilhões do setor privado nos próximos anos.

Atualmente, além do Brasil, cinco países com florestas tropicais já integram a iniciativa: Colômbia, Gana, República Democrática do Congo, Indonésia e Malásia. Entre os potenciais investidores estão Alemanha, Emirados Árabes Unidos, França, Noruega e Reino Unido.

Lula e Trump nos bastidores da ONU

A participação de Lula na Assembleia Geral da ONU foi marcada não apenas pelo anúncio do aporte, mas também pelo encontro informal com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo relatos, os dois se cumprimentaram rapidamente nos corredores da sede da ONU, em um gesto que Trump descreveu como um momento de “química excelente”.

“Ele parece um cara muito legal, ele gosta de mim e eu gostei dele. E eu só faço negócio com gente de quem eu gosto. Por 39 segundos, nós tivemos uma ótima química e isso é um bom sinal”, afirmou Trump, em tom descontraído.

Apesar do tom amistoso, Lula aproveitou sua fala para enviar recados firmes a Washington, reforçando que democracia e soberania brasileiras são inegociáveis, em meio a tensões sobre tarifas impostas recentemente aos produtos brasileiros.

Contexto internacional

O anúncio reforça a posição do Brasil como ator estratégico na agenda ambiental global. Desde a COP28 em Dubai, Lula tem defendido a criação de instrumentos financeiros robustos para apoiar a preservação das florestas tropicais, consideradas essenciais para conter o avanço das mudanças climáticas.

O gesto brasileiro também pressiona países desenvolvidos a assumirem compromissos concretos de financiamento ambiental, além de simbolizar uma resposta política às tarifas comerciais impostas pelos EUA.