Porta-voz dos EUA diz que encontro entre Trump e Lula na ONU foi “espontâneo” e sinaliza reavaliação comercial

A porta-voz do governo americano, Amanda Robertson, comentou nesta terça-feira (23) os bastidores do encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews, Robertson afirmou que o episódio foi “espontâneo” e demonstrou boa disposição para o diálogo entre os dois líderes.

“Realmente, foi um momento espontâneo. Parece que o encontro não foi planejado. O presidente Lula estava saindo e o presidente Trump entrando. Nesse corredor, tiveram alguns momentos para falar, cara a cara. Foi uma conversa breve, espontânea, boa”, disse a diplomata.
Sinal positivo na relação Brasil-EUA

Segundo Robertson, a interação entre Trump e Lula — que incluiu até um abraço — foi um bom sinal. Ela destacou que os dois países compartilham desafios estratégicos e possuem uma relação histórica que precisa ser fortalecida.

“É um fato que Brasil e Estados Unidos têm muito em comum, compartilham os maiores desafios do mundo hoje e precisamos continuar trabalhando juntos. Nossos países têm uma história longa, uma relação ampla, e essa relação obviamente vai continuar e avançar”, afirmou.

Tarifa e comércio em pauta

A porta-voz também indicou que as tarifas comerciais impostas ao Brasil podem entrar na pauta de discussões futuras. Segundo ela, o momento é de reavaliar e modernizar os acordos econômicos entre os dois países.

“Sabemos que os dois países têm laços econômicos muito fortes, com muitas empresas brasileiras exportando para os Estados Unidos e vice-versa. Agora é a hora de reavaliar essa relação e atualizar nossos acordos”, disse.

Bolsonaro ainda fora da mesa

Questionada sobre a presença do nome do ex-presidente Jair Bolsonaro nas conversas, Robertson evitou antecipar qualquer definição.

“Ainda não sabemos quais serão as mensagens e os tópicos da reunião. Isso será definido na preparação entre os dois países”, respondeu.

Próximos passos

De acordo com Robertson, diplomatas brasileiros e americanos devem trabalhar nos próximos dias para organizar um encontro formal entre Trump e Lula.

“Normalmente, quando os presidentes concordam em conversar, cabe aos diplomatas organizar todos os detalhes: quando, a que horas, com quem. É assim que funcionam as reuniões de alto nível”, explicou.

O gesto de aproximação acontece em meio a tensões recentes entre os dois governos, especialmente após a imposição de tarifas dos EUA contra produtos brasileiros e a pressão diplomática em torno do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).