Haddad minimiza impacto de tarifas dos EUA e anuncia plano de socorro a exportadores brasileiros

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (23) que o impacto do Ministro da Fazenda afirma que sobretaxa imposta por Washington é baseada em desinformação e que apenas 4% das exportações brasileiras foram afetadas. tarifaço imposto pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros será limitado e temporário. Em entrevista ao ICL Notícias, o ministro classificou a medida como uma ingerência externa indevida e disse acreditar que a situação será superada após a conclusão do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

As tarifas, que chegaram a 50% sobre determinados produtos nacionais, entraram em vigor em agosto deste ano, sob decisão do governo norte-americano. Para Haddad, a imposição não tem justificativa econômica e teria sido baseada em “desinformação”.

“Acredito que isso vai passar. Foi uma ingerência de um país sobre nós, de um assunto que não é nem do Executivo, é da Justiça. Passada essa fase aguda — julgamento, publicação da decisão [sobre Bolsonaro] —, acredito que isso será superado. Pois não tem base econômica”, afirmou o ministro.

Diversificação da pauta de exportações

Haddad destacou que, diferentemente dos primeiros mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003–2010), o Brasil atualmente possui uma pauta de exportações mais diversificada. Segundo ele, somente 4% das exportações nacionais foram afetadas diretamente pelo tarifaço — a maioria, produtos classificados como commodities, como soja e minério de ferro.

“O presidente Lula ficou surpreso ao ver que hoje exportamos metade do que exportávamos, proporcionalmente, no primeiro mandato dele. O Brasil se diversificou muito”, explicou.

Ainda de acordo com o ministro, essas exportações tendem a ser rapidamente redirecionadas para outros mercados.

Estratégia de mitigação e crédito emergencial

Apesar do impacto macroeconômico limitado, Haddad reconheceu que há consequências no nível microeconômico, especialmente para empresas que dependem do mercado norte-americano. Como resposta, o governo federal lançou o plano “Brasil Soberano” no dia 13 de agosto, focado em mitigar os efeitos do tarifaço e garantir apoio aos exportadores.

O pacote prevê uma linha de crédito de R\$ 30 bilhões via BNDES, com juros subsidiados, além de uma série de medidas complementares:

Seguro à exportação:

Instrumentos para proteger exportadores contra inadimplência ou cancelamento de contratos, ampliando a atuação de bancos e seguradoras.

Diferimento de impostos:

A Receita Federal foi autorizada a adiar a cobrança de tributos para empresas diretamente afetadas.

Isenção de insumos:

Prorrogação por um ano do prazo de exportação de mercadorias com insumos beneficiados pelo regime drawback.

Novo Reintegra:

Retorno de créditos tributários às empresas exportadoras, desonerando as vendas externas.

Compras públicas:

 Governo federal, estados e municípios poderão adquirir produtos afetados para programas sociais como merenda escolar e hospitais.

Diversificação de mercados:

Continuidade dos esforços diplomáticos e comerciais para abrir novos mercados aos produtos brasileiros.

“O presidente continua fazendo papel de mascate”

Haddad destacou que o governo mantém uma postura ativa na promoção de produtos brasileiros no exterior, mesmo diante das barreiras comerciais. “O presidente [Lula] continua fazendo papel de mascate. Estamos produzindo coisas boas, as melhores do mundo. Não temos dificuldade em realocar nossas exportações”, concluiu.

O pacote emergencial foi bem recebido por parte do setor produtivo, embora especialistas alertem que a resolução definitiva do problema ainda depende de avanços diplomáticos e da evolução do cenário político no Brasil e nos Estados Unidos.