Crise política na Câmara: pressão sobre Hugo Motta cresce após disputa por liderança e polêmica com sanções dos EUA
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), enfrenta crescente pressão após ser acusado de agir de forma unilateral ao barrar a nomeação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para a liderança partidária. A decisão provocou forte reação de líderes da oposição, que alegam violação de prerrogativas parlamentares e insinuam ligação entre a medida e as recentes sanções impostas pelos Estados Unidos contra a esposa do ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Recurso contra decisão da presidência.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), anunciou que apresentará recurso à Mesa Diretora da Casa contra a decisão de Motta.
“Essa resolução ainda vale. O presidente Hugo Motta não deveria ter tomado a decisão unilateralmente. Ele precisa reunir a Mesa Diretora. Nós não vamos aceitar essa decisão”, declarou Cavalcante.
Segundo o deputado, Motta teria mudado de postura após as sanções internacionais atingirem familiares de Moraes, sugerindo que o episódio teria influenciado a negativa à indicação de Eduardo Bolsonaro.
“Ontem, depois da [Lei] Magnitsky na esposa do Moraes, recebi ligação do presidente Hugo Motta dizendo que não poderia cumprir o compromisso comigo. Me estranhou a mudança de comportamento”, afirmou Cavalcante.
Reação da oposição
A atual líder da minoria, Caroline de Toni (PL-SC), também criticou a decisão e afirmou que a escolha de líderes partidários é prerrogativa exclusiva das bancadas.
“A escolha se concretiza com a homologação do presidente da Câmara. Ele não pode nem fazer juízo de valor sobre o caso. Isso enfraquece a bancada. É uma tentativa de censura à oposição”, disse.
O episódio amplia o desgaste político de Motta, que já vinha sendo pressionado pela oposição em meio a debates sobre projetos de anistia. O imbróglio deve ser levado formalmente à Mesa Diretora nos próximos dias, aumentando a temperatura das disputas internas na Casa.
Contexto internacional e repercussões
A crise ocorre em paralelo ao cenário de tensão entre Brasil e Estados Unidos. O governo norte-americano, sob liderança de Donald Trump, aplicou recentemente sanções contra o ministro Alexandre de Moraes e, em seguida, contra sua esposa, Viviane Barci de Moraes. A medida foi interpretada pelo PL como um ataque à soberania brasileira e teria, segundo a oposição, repercutido diretamente nas movimentações internas da Câmara.
A decisão de Motta, portanto, não apenas acirrou o embate entre governo e oposição no Legislativo, mas também colocou em evidência a influência de fatores externos sobre a política brasileira.
Linha do tempo da crise na Câmara
- Set/2024 – Oposição pressiona Hugo Motta a pautar projetos de anistia.
- Jul/2025 – EUA sancionam Alexandre de Moraes sob a Lei Magnitsky
- 22/09/2025 – Sanções atingem a esposa de Moraes, Viviane Barci de Moraes.
- 23/09/2025 – Motta recusa homologar Eduardo Bolsonaro como líder do PL.
- 23/09/2025 – Sóstenes Cavalcante anuncia recurso à Mesa Diretora.
- 23/09/2025 – Caroline de Toni acusa Motta de censura à oposição.
- Próximos dias – Mesa Diretora deve avaliar recurso, em meio a crise política.
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