Barroso defende caráter pedagógico do julgamento da trama golpista e afasta aposentadoria imediata do STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou que a conclusão do julgamento da trama golpista deve contribuir para a pacificação do país, destacando o caráter pedagógico do caso ao mostrar que golpe é punido no Brasil.

“O país vai pacificar progressivamente depois que acabarem os julgamentos de todos os núcleos. As feridas vão começar a cicatrizar. Mas, do ponto de vista político, o núcleo crucial era o mais emblemático”, disse Barroso, sem citar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar.

O ministro comentou que alguns detidos não buscam a apaziguamento das relações nacionais:

“Os julgamentos do 8 de Janeiro e do golpe dificultaram muito criar esse ambiente de total pacificação, porque quem teme ser preso está querendo briga, e não pacificação. Minha única frustração foi não ter conseguido fazer a pacificação.”

Aposentadoria e legado

Barroso rebateu rumores sobre uma aposentadoria imediata do STF após encerrar seu mandato na Presidência do tribunal nesta segunda-feira (29), quando passará o cargo ao ministro Edson Fachin:

“Não estou pensando em deixar o Supremo prontamente, muito menos deixar o Brasil.”

O ministro destacou medidas implementadas durante sua gestão no STF e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), como o Exame Nacional da Magistratura e iniciativas para ampliar a diversidade na magistratura, beneficiando candidatos negros, indígenas e pessoas com deficiência com bolsas de estudo e ajuda de custo, financiadas pela iniciativa privada.

Barroso também ressaltou sua atuação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para impedir a implementação do voto impresso, classificando a medida como uma das ações mais importantes de sua gestão, apesar de enfrentar grande resistência pessoal e política, incluindo do ex-presidente.