Na abertura da COP30, Lula critica “forças extremistas” e pede ação global contra aquecimento do planeta
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (5), durante o discurso de abertura da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que “forças extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais” e tentam aprisionar as futuras gerações a um modelo “ultrapassado” de desenvolvimento.
A fala ocorreu em Belém (PA), cidade que sedia pela primeira vez o principal evento global sobre o clima. Lula destacou que conflitos geopolíticos e rivalidades entre nações desviam recursos que deveriam ser destinados ao combate ao aquecimento global, agravando a crise climática.
“Enquanto isso, a janela de oportunidade que temos para agir está se fechando rapidamente. A mudança do clima é resultado das mesmas dinâmicas que, ao longo de séculos, fraturaram nossas sociedades entre ricos e pobres e cindiram o mundo entre países desenvolvidos e em desenvolvimento”, disse o presidente.
“A COP30 será a COP da verdade”, diz Lula
Durante o discurso, Lula afirmou que é o momento de “levar a sério os alertas da ciência”, citando projeções que indicam mais de 250 mil mortes anuais e uma possível retração de até 30% do PIB global se não houver ação coordenada.
“É hora de encarar a realidade e decidir se teremos ou não a coragem e a determinação necessárias para transformá-la”, afirmou.
Apesar de defender a exploração de petróleo pela Petrobras na Bacia da Foz do Amazonas, o presidente também reforçou a necessidade de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e de construir um “mapa do caminho” para a reversão do desmatamento e transição energética justa.
A proposta ecoa reivindicações de organizações ambientais, que esperam ver o plano consolidado no documento final da COP30.
Lula fala em ‘desconexão com o mundo real’ e critica interesses egoístas
Em outro trecho, o presidente criticou o distanciamento entre as decisões diplomáticas e a realidade das populações afetadas pelos efeitos das mudanças climáticas.
“As pessoas podem não compreender o que são sumidouros de carbono, mas sofrem com secas, enchentes e furacões. Podem não assimilar o significado de um aumento de um grau e meio na temperatura global, mas sabem o valor das florestas e dos oceanos”, disse.
Segundo Lula, interesses econômicos e políticos têm sobreposto o bem comum, o que retarda ações concretas de mitigação climática. O petista afirmou que o enfrentamento à crise climática deve estar “no centro das decisões de cada governo, empresa e pessoa”.
Lula celebra dez anos do Acordo de Paris
O presidente também destacou os dez anos do Acordo de Paris, firmado em 2015 durante a COP21, classificando-o como um marco da cooperação multilateral.
“A força do Acordo de Paris reside no respeito ao protagonismo de cada país na definição de suas próprias metas”, afirmou Lula, lembrando que o tratado ajudou o planeta a evitar projeções de aumento de até 5°C na temperatura média global.
Ao final do discurso, Lula agradeceu aos trabalhadores que ajudaram na preparação da COP30 e pediu aplausos ao público, afirmando que “muitos duvidaram da viabilidade de uma COP em um estado da Amazônia”.
Agenda de Lula na COP30
Antes da abertura oficial, Lula se reuniu com líderes e representantes internacionais para discutir financiamento da transição verde e cooperação climática.
Entre os compromissos do dia estão:
Reunião bilateral com o príncipe de Gales, William, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, sobre investimentos sustentáveis;
Encontro com o presidente da França, Emmanuel Macron, para discutir projetos de preservação florestal e financiamento do Fundo Amazônia;
Participação em mesas temáticas sobre florestas e oceanos e sessões plenárias da COP30.
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