Enviada da COP30 cobra mais investimentos em oceanos: “Perigo de hoje, não de amanhã”

A Enviada Especial da Presidência da COP30 para Oceanos, Marinez Scherer, fez um forte apelo nesta quinta-feira (6) por maior comprometimento de países e do setor privado no financiamento voltado à proteção dos oceanos.

Durante discurso na abertura da Cúpula de Líderes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém (PA), Scherer alertou que o cenário atual representa uma ameaça imediata às economias litorâneas.

“A economia dos oceanos chega a quase US$ 4 trilhões anualmente. Se nos mantivermos no nosso caminho atual, as regiões litorâneas arriscam perder até 20% do PIB até o final do século. Isso não é um problema de amanhã, é um perigo de hoje”, afirmou.

“Apenas 1% do financiamento climático apoia soluções oceânicas”

Marinez Scherer destacou que menos de 1% dos recursos globais destinados ao combate às mudanças climáticas é direcionado a projetos de proteção e recuperação dos oceanos — algo que, segundo ela, precisa ser revertido com urgência.

“Menos de 1% do financiamento climático apoia soluções oceânicas, e isso precisa mudar urgentemente”, declarou.

A enviada especial também defendeu que líderes globais e instituições financeiras passem a reconhecer o valor estratégico dos oceanos na mitigação do aquecimento global e na regulação climática.

Belém, o encontro entre Amazônia e Atlântico

Em sua fala, Scherer ressaltou o simbolismo de Belém sediar a COP30, destacando o encontro entre dois ecossistemas essenciais para o equilíbrio climático do planeta: a Floresta Amazônica e o Oceano Atlântico.

“Belém permite o encontro de dois gigantes — a Amazônia e o Atlântico. Juntos, eles moldam o clima do planeta”, afirmou.

Ela lembrou que o oceano cobre 70% da superfície terrestre, produz mais da metade do oxigênio do planeta e absorve 90% do calor excedente causado pelas emissões de gases de efeito estufa.

“Ignorar o oceano é comprometer o futuro”

Scherer reforçou que o oceano não é apenas um componente ambiental, mas um pilar econômico, cultural e social que conecta toda a humanidade.

“O oceano alimenta, protege, ajuda a economia, sustenta culturas e identidades. Ignorar esse serviço significa comprometer o nosso futuro. E, seja no litoral, em uma fazenda ou em um centro urbano, somos todos conectados ao oceano. Tudo depende dele”, concluiu.