União Brasil julga expulsão de Celso Sabino após ministro descumprir prazo para deixar governo Lula
O ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil-PA), poderá levar até 60 dias para ser expulso do partido, caso a legenda confirme a decisão de puni-lo por descumprir a determinação de deixar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Executiva Nacional do União Brasil se reúne nesta quarta-feira (8) para votar o parecer do deputado Fábio Schiochet (União-SC), relator do caso, que recomendou a expulsão do ministro.
O processo disciplinar contra Sabino foi aberto no último dia 30 de setembro e o acusa de desrespeitar as orientações partidárias, especialmente o ultimato da sigla que determinava a entrega de cargos no governo federal em um prazo de 24 horas.
A direção do União Brasil defendia uma expulsão sumária, sem direito à defesa, mas o relator optou por instaurar um processo regular, garantindo que Sabino possa se manifestar. A medida também retira do ministro o comando do partido no Pará, mas amplia seu prazo de permanência no cargo até que o caso seja concluído.
Com isso, Sabino ganha tempo e deve permanecer à frente do Ministério do Turismo pelo menos até a realização da COP 30, marcada para novembro, em Belém (PA), seu principal reduto eleitoral.
“Insegurança jurídica” e resistência interna
Segundo o deputado Schiochet, uma expulsão imediata poderia gerar insegurança jurídica dentro da legenda, o que motivou a decisão de seguir o trâmite regular. O relator, no entanto, afirmou que o tempo adicional não altera o mérito do caso, que continua a apontar para a desfiliação forçada de Sabino.
O União Brasil esperava que o ministro deixasse o governo até a terça-feira (7), mas o prazo expirou sem que o pedido de exoneração fosse formalizado.
Pedido de demissão e recuo
A crise começou no dia 26 de setembro, quando Celso Sabino anunciou publicamente que havia pedido demissão do cargo, sinalizando que acataria a decisão partidária. No entanto, dez dias depois, o ministro ainda não havia deixado o posto.
Sabino justificou a permanência afirmando que desejava acompanhar o presidente Lula em eventos preparatórios para a COP 30, que será sediada no Pará. A estratégia é vista por aliados como uma tentativa de adiar a saída até o evento climático.
Pressão de lideranças do União Brasil
Entre os principais defensores da expulsão está o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, uma das vozes mais influentes dentro do União. Em entrevista recente, Caiado afirmou que Sabino “desrespeitou uma deliberação partidária” e que “a coerência precisa prevalecer”.
A decisão final sobre o caso deve ser tomada nas próximas semanas, após a análise das defesas e manifestações internas. Caso seja confirmada a expulsão, Sabino perderá o controle regional do partido e a filiação, mas poderá permanecer no cargo até que Lula defina um substituto.