Ricardo Bruno, Agenda do Poder Explica Porque Cláudio Castro Pode Ficar Até o Fim do Mandato
O jornalista Ricardo Bruno, fez uma análise bem pertinente publicada em seu site, o Agenda do Poder, nela ele aponta que só existe uma possibilidade de Cláudio Castro deixar o Palácio Guanabara antes do fim do mandato: a garantia, por parte dos deputados e líderes partidários aliados, de apoio formal ao nome que ele indicar para sucedê-lo na eleição indireta da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), prevista caso haja a renúncia em abril de 2026. Sem essa segurança política, o governador prefere concluir sua gestão, à qual chegou com legitimidade expressiva — quase 60% dos votos válidos.
O rompimento com Rodrigo Bacellar
A incerteza sobre o futuro político de Castro está fortemente ligada à sua ruptura com Rodrigo Bacellar, presidente da Alerj. O episódio da exoneração de Washington Reis da Secretaria de Transportes, realizada por Bacellar durante período interino no governo, implodiu a confiança entre os dois. Desde então, não há diálogo entre governador e presidente da Assembleia. Como observa um analista ouvido por Bruno: “O cristal se esfacelou e dificilmente será recomposto”.
Essa tensão faz com que Castro não arrisque sair do cargo e perder o controle do Palácio Guanabara por nove meses, período suficiente para Bacellar consolidar sua própria candidatura ou pavimentar uma aliança que enfraqueceria o atual governador.
Disputa pela liderança da centro-direita
O texto destaca também a fragmentação dentro da centro-direita fluminense. Cláudio Castro busca ser o fiador da escolha de um nome competitivo; Flávio Bolsonaro atua com o mesmo objetivo; e Bacellar, naturalmente, movimenta-se para ser eleito diretamente pelos pares. Essa falta de consenso aumenta a cautela do governador.
O fator jurídico
Outro ponto ressaltado por Ricardo Bruno é a interpretação recente do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o foro privilegiado. Passou a valer a regra de que o foro é definido pelo momento em que ocorreu o ato investigado. Isso garante que eventuais questionamentos ao governo de Castro tramitem no Superior Tribunal de Justiça (STJ), e não em instâncias inferiores, dando maior tranquilidade ao governador quanto a riscos futuros.
O embaralhamento do quadro nacional
A indefinição política em nível nacional também pesa na decisão de Castro. Se Tarcísio de Freitas for candidato de Jair Bolsonaro à Presidência em 2026, há grande chance de composição com Eduardo Paes, prefeito do Rio. O PSD de Paes, presidido por Gilberto Kassab, é parte natural desse arranjo. Nesse cenário, Castro poderia se tornar coordenador da campanha presidencial no Sudeste e, em caso de vitória, ocupar um ministério ou outro posto estratégico no governo federal.
A aproximação com Eduardo Paes
Bruno observa que existe convergência de interesses entre Castro e Paes. Para o prefeito, interessa evitar que Bacellar assuma o governo estadual, o que fortaleceria o rival no tabuleiro político. Já para Castro, ter Paes como sucessor informal representa um ambiente mais amistoso, sem riscos de retaliações políticas.
O pragmatismo do clã Bolsonaro
Curiosamente, a própria família Bolsonaro não descarta um entendimento com Paes, desde que isso facilite a estratégia maior: garantir a eleição de dois senadores no Rio. O PL prioriza a composição da bancada no Senado acima de disputas locais. Para esse objetivo, prevalece o pragmatismo, e não o confronto que caracteriza setores da base bolsonarista.
Possível futuro fora da política
Outro aspecto levantado por Bruno é a chance de Castro aceitar convites da iniciativa privada após deixar o governo. Ele poderia integrar conselhos de grandes empresas e retomar a advocacia, com possibilidades reais de se destacar no mercado de consultoria empresarial.
Prudência acima da ambição imediata
Na análise de Ricardo Bruno, o cálculo de Castro é essencialmente estratégico. Renunciar ao cargo só faria sentido diante da certeza de manter influência direta na sucessão — o que hoje não existe. Por isso, o governador se inclina a concluir o mandato, evitando riscos e preservando sua imagem para futuros voos políticos.
Em resumo, Castro não pretende desperdiçar capital político em uma jogada de alto risco. Com as cartas embaralhadas no tabuleiro estadual e nacional, o governador prefere apostar na estabilidade até 2026, mantendo o controle do Palácio Guanabara e aguardando o cenário ideal para se reposicionar no jogo político.

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