Por onde anda Denise Frossard, Ex-Juíza e Candidata ao Governo do Rio?
Denise Frossard Loschi, ex-juíza, ex-deputada federal e uma das figuras políticas mais reconhecidas do Rio de Janeiro pela sua atuação “linha dura”, especialmente no combate ao crime organizado, permanece como voz ativa nos debates públicos, embora longe de disputas eleitorais recentes. Sua carreira pública marcou o estado: em 2006 ela chegou ao segundo turno da disputa pelo governo do Rio, candidata do PPS, contra Sérgio Cabral, mas foi derrotada. Desde então, embora receba convites e sondagens políticas, optou por manter distância das campanhas eleitorais.
Quem é Denise Frossard e por que seu nome ganhou força
Formada em Direito pela PUC-Rio, Frossard foi juíza do Tribunal de Justiça do Rio, até se aposentar em 1998. Ela ganhou contundente projeção pública ao condenar 14 líderes do jogo do bicho e da contravenção no Estado em 1993, incluindo nomes como o célebre Castor de Andrade. Sua atuação exigiu coragem institucional, mas também tornou-a alvo de ameaças: já sofreu, segundo relatos, três atentados.
Em 2002, filiada ao PPS, disputou e venceu uma vaga como deputada federal, sendo a mulher mais votada naquele pleito no estado do Rio. Em 2006, novamente pelo PPS, lançou candidatura ao governo estadual, com discurso de combate à corrupção, às velhas alianças políticas e à criminalidade enraizada — porém, foi derrotada no segundo turno.
Frases e posicionamentos de destaque
- “O crime organizado tem uma hierarquia de ações. Primeiro ele tenta comprar, depois ele tenta desmoralizar, e, se não consegue, ele parte para matar.” — sobre o avanço da criminalidade organizada e a infiltração nos poderes públicos.
- “As milícias são o braço armado do crime organizado… já naquela época, os policiais estavam a serviço do bicho.” — comparando contravenção antiga com milícias contemporâneas e alertando sobre seus vínculos com instituições formais.
- “É um ledo engano combater a criminalidade do dia-a-dia sem combater a grande corrupção. Aprendi com minha faxineira que não se limpa uma escada de baixo para cima.” — frase emblemática que sublinha a interdependência entre corrupção institucional e criminalidades mais visíveis.
- Em 2006, durante sua campanha ao governo, criticou severamente alianças políticas. Sobre tocar em temas espinhosos, disse: “A situação do Rio de Janeiro é caótica, e ela é caótica por causa desse arco de alianças.”
O que Denise Frossard faz hoje
Atualmente aposentada do judiciário, Frossard não ocupa cargos eletivos. Ela reafirma seu compromisso com causas como justiça, transparência e combate à corrupção por meio de entrevistas, participação em painéis, colaborações acadêmicas e aparições em documentários como Doutor Castor, que revisita o poder dos contraventores do jogo do bicho e seu impacto político no Rio.
Também participou de debates recentes sobre democracia, segurança pública e instituições. Por exemplo, em entrevista para a revista Política Democrática Online, afirmou: “Não vejo riscos para a democracia no Brasil”, destacando que as legislações modernas contra lavagem de dinheiro e crime organizado — desenvolvidas nas últimas décadas — foram fundamentais para tornar o país comparativamente mais preparado legalmente.
Análise: por que seu nome continua relevante
Denise Frossard tornou-se símbolo de uma política de tolerância zero com crimes organizados e corrupção, em um Brasil onde muitos cidadãos veem nesses males uma parte estrutural da vida pública. Sua credibilidade decorre de ações concretas no Judiciário, seguidas por posicionamentos públicos claros, mesmo fora do exercício político institucional.
Mesmo sem mandato, seu discurso influencia debates sobre segurança, transparência e democracia. Sua forma de pontuar problemas institucionais — sem concessões fáceis — ecoa com públicos que se sentem deixados de fora de políticas públicas ou desiludidos com alianças tradicionais.
Ao não retornar às urnas, ela mantém certo peso moral e simbólico: evita o risco de desgaste eleitoral, mas permanece presente como referência. Possui legião de admiradores que veem nela um modelo de coerência política. Também demonstra que, em política, não estar no poder formalmente não significa ausência de influência.
Seu nome continua relevante
Denise Frossard pode não estar na linha de frente eleitoral nos últimos anos, mas está longe de sair de cena política. Sua trajetória de combate ao crime, suas críticas contundentes às alianças políticas corruptas e sua voz ativa em debates estruturais mantêm seu nome vivo nos temas mais urgentes do Rio de Janeiro e do país. Ela representa uma alternativa diferente no espectro político: aquela que exige ética, transparência e responsabilidade para além de alianças eleitorais.
Em tempos de incerteza institucional, personagens como ela são convocados não pelos partidos, mas pela urgência ética que muitos cidadãos sentem. Juíza aposentada? Sim. Mas Denise Frossard mostra que há outras formas de exercer poder — o poder da crítica, da memória, da coerência.