Senado Deve Enterrar a PEC da Blindagem Após Pressão Popular

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), revelou nesta segunda-feira (22) que as manifestações ocorridas no último domingo (21) em diversas capitais do país mudaram completamente a estratégia em relação à tramitação da chamada PEC da Blindagem.

Segundo o senador, a intenção inicial era evitar pautar o texto no colegiado, numa tentativa de “empurrar o problema com a barriga” e postergar uma decisão definitiva. No entanto, a pressão da sociedade, expressa nas ruas, obrigou os senadores a antecipar a análise da proposta.

“Não faz mais sentido segurar a PEC depois da reação popular. O caminho agora é claro: votar e derrubar o texto no Senado, de preferência ainda nesta semana”, disse Otto.

Votação na CCJ e no plenário

De acordo com o senador, já existe um acordo político firmado com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), para que a PEC seja analisada rapidamente na CCJ.

Nos cálculos de Otto, ao menos 18 dos 27 senadores da comissão se posicionam contra a proposta, o que representa maioria absoluta para rejeitá-la.

No plenário, o cenário também é desfavorável à aprovação: 50 senadores já sinalizaram voto contrário. Para que a PEC fosse aprovada, seriam necessários 49 votos favoráveis em um universo de 81 parlamentares.

Câmara x Senado: diferentes cenários

Otto Alencar ressaltou que a diferença de postura entre as duas Casas do Congresso se explica pelo sistema eleitoral. Na Câmara dos Deputados, os parlamentares podem se eleger com votos de legenda ou de coligações, o que, segundo ele, torna a pressão popular menos determinante.

Já no Senado, as eleições são majoritárias e cada candidato precisa conquistar a maioria dos votos diretamente. Em 2026, 54 das 81 cadeiras da Casa estarão em disputa, e a percepção do eleitorado será decisiva para a sobrevivência política dos senadores.

“O peso da opinião pública é muito maior no Senado. Isso ajuda a explicar porque, diferentemente da Câmara, aqui a tendência é enterrar a PEC”, concluiu o presidente da CCJ.