Novos filiados do PL ameaçam sair do partido em caso de revés para Bolsonaro

Jair Bolsonaro / Reprodução 

Um grupo de recém-filiados ao PL, formado por políticos em primeiro mandato e influenciadores de direita que pretendem disputar cargos em 2026, tem demonstrado insatisfação com os rumos da legenda e ameaça abandonar o partido. Nos bastidores, a principal queixa é contra declarações do presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, que mencionou a existência de um planejamento de golpe de Estado, o que desagradou a ala mais alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Esses novos integrantes, que continuam defendendo anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro, aguardam agora a decisão da cúpula partidária sobre a manutenção da remuneração de Bolsonaro, atual presidente de honra do PL. 

Para o grupo, ouvido pela reportagem do ND1, a legenda deve garantir o salário mesmo que ele venha a ser preso. Caso haja corte nos vencimentos, sinalizam uma possível debandada, interpretando a medida como um desrespeito a Bolsonaro, a quem creditam o fortalecimento do partido nas eleições de 2022, quando quase 100 deputados federais foram eleitos.

Outra condição imposta por esse segmento é que o PL não se comprometa, de forma antecipada, com qualquer outro pré-candidato à Presidência da República sem o aval de Bolsonaro, considerado por eles a principal liderança política da direita no país.

A declaração de Valdemar que provocou a revolta ocorreu em 13 de setembro, durante um evento político. Na ocasião, ele afirmou: 

“Houve um planejamento de golpe, mas nunca teve o golpe efetivamente. No Brasil, a lei diz o seguinte: se você planejar um assassinato, planejou tudo, mas não fez nada, não tentou, não é crime. O golpe não foi crime”.

Diante da repercussão negativa, Valdemar recuou. Em nota, disse que suas palavras foram mal interpretadas: “Uma declaração minha acabou sendo interpretada de forma equivocada e gerou repercussão. Por isso, considero importante esclarecer de maneira objetiva o que foi dito. É claro que eu não falei nesse sentido. Minha fala foi feita com uma condicionante: se tivesse, imagine que tivesse, vamos supor que tivesse… Foi no campo do imaginário. E está claro: nunca houve planejamento, muito menos tentativa. O próprio ministro do Supremo Luiz Fux já confirmou isso”.