Moraes nega ter tratado caso Banco Master em reunião com presidente do Banco Central

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta terça-feira (23) que as reuniões realizadas com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tiveram como único objetivo discutir as implicações da Lei Magnitsky, aplicada pelos Estados Unidos, e negou qualquer abordagem sobre o caso envolvendo o Banco Master.

A declaração foi divulgada após reportagem da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, apontar que Moraes teria procurado Galípolo para tratar da venda do Banco Master ao Banco de Brasília (BRB), operação que foi barrada pelo Banco Central em setembro por falta de viabilidade econômico-financeira.

Em nota, Moraes afirmou que recebeu representantes do sistema financeiro para tratar exclusivamente das consequências da sanção imposta pelos Estados Unidos, que chegou a atingir ele e sua esposa, Viviane Barci de Moraes, em julho. Segundo o ministro, as reuniões abordaram temas como a manutenção de contas bancárias, cartões de crédito e débito diante das restrições impostas pela legislação norte-americana.

Além de Galípolo, Moraes disse ter se reunido com a presidente do Banco do Brasil, executivos do Banco Itaú, dirigentes da Febraban, da Confederação Nacional das Instituições Financeiras e representantes de outros grandes bancos privados. Ele ressaltou que, em todos os encontros, o foco foi exclusivamente técnico e relacionado às sanções internacionais.

A reportagem citada afirma que os contatos entre Moraes e Galípolo teriam ocorrido no contexto de um contrato firmado pelo escritório de advocacia de Viviane Barci de Moraes com o Banco Master, estimado em R$ 130 milhões até 2027. O escritório, segundo a publicação, prestaria serviços jurídicos ao banco e ao controlador da instituição, Daniel Vorcaro, junto a órgãos como Banco Central, Receita Federal, Cade e Congresso Nacional.

Moraes negou qualquer tentativa de interferência na atuação do Banco Central. De acordo com o ministro, não houve discussão sobre a operação entre o Master e o BRB nem pedido de favorecimento à instituição financeira.

O Banco Master teve a venda ao BRB negada pelo Banco Central em setembro. Em novembro, o controlador Daniel Vorcaro foi preso em uma operação da Polícia Federal que apura fraudes envolvendo a emissão de CDBs com promessa de rendimentos muito acima do mercado. No mesmo período, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do conglomerado financeiro.

Segundo a Polícia Federal, o esquema pode ter movimentado cerca de R$ 12 bilhões, com promessas de retorno consideradas irreais pelas autoridades.