PGR afirma que núcleo militar da trama golpista tinha intenção homicida contra Moraes e Lula
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou nesta terça-feira (11) que as investigações sobre o chamado núcleo 3” da trama golpista revelam “disposição homicida e brutal” dos envolvidos. O grupo, composto por nove militares do Exército e um policial federal, é acusado de integrar a célula operacional que teria planejado o sequestro e o assassinato do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, além de atentar contra o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o vice eleito, Geraldo Alckmin.
Segundo Gonet, mensagens interceptadas mostram os réus discutindo a morte de adversários e descrevendo ações para “neutralizar” Moraes, no fim de 2022. O plano previa ataques antes da posse presidencial de janeiro de 2023. A Polícia Federal identificou documentos que detalham a execução da operação, batizada de “Punhal Verde e Amarelo”, e outra ação denominada “Copa 2022”, que registrava deslocamentos de veículos e celulares utilizados na vigilância ao ministro.
Durante a sessão desta terça-feira, a Procuradoria apresentou essas provas ao STF e ressaltou que a condenação anterior do ex-presidente Jair Bolsonaro — a 27 anos e três meses de prisão por liderar o complô — consolidou a materialidade dos fatos. O julgamento dos dez acusados ocorre na Primeira Turma do Supremo, integrada por Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia.
Os réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e deterioração de patrimônio tombado. O grupo, conhecido como “kids-pretos”, é formado por militares das forças especiais do Exército, que teriam também tentado coagir comandantes militares a aderirem ao golpe.
A PGR pediu que, no caso do tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo Júnior, a acusação seja reclassificada para incitação das Forças Armadas contra os poderes constitucionais, o que pode permitir um acordo de não persecução penal.
O julgamento do núcleo 3 deve se estender pelas próximas sessões, previstas para os dias 12, 18 e 19 de novembro. Até o momento, o STF já condenou 15 pessoas pela trama golpista: sete do núcleo 4 e oito do núcleo 1, liderado por Bolsonaro. O grupo 2 será julgado a partir de 9 de dezembro.
