Guterres cobra urgência na transição energética e diz que “tempo de negociar acabou” na abertura da Cúpula do Clima em Belém
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou nesta quinta-feira (6), em Belém (PA), que o mundo precisa agir com urgência para financiar a transição energética e cumprir as metas do Acordo de Paris.
Durante o discurso de abertura da Cúpula do Clima, evento preparatório para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), Guterres declarou que o momento atual exige implementação imediata dos compromissos assumidos nas últimas décadas.
“Precisamos demonstrar um caminho claro para podermos chegar a US$ 1,3 trilhão em financiamento climático a países em desenvolvimento até 2035. Não é mais tempo de negociar — estamos na hora de implementar, implementar e implementar”, afirmou.
“Mapa do Caminho Baku-Belém” quer mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais
O apelo de Guterres foi reforçado pelo plano estratégico conjunto entre a presidência da COP29, no Azerbaijão, e a presidência da COP30, no Brasil, anunciado na quarta-feira (5).
Batizado de “Mapa do Caminho Baku-Belém”, o plano estabelece metas para mobilizar pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano em financiamento climático durante a próxima década. O documento propõe mecanismos tributários e financeiros para garantir os recursos, com foco no apoio a países em desenvolvimento e na aceleração da transição energética.
ONU critica lobby e subsídios aos combustíveis fósseis
Em tom contundente, o chefe das Nações Unidas criticou os subsídios públicos destinados à indústria dos combustíveis fósseis, afirmando que empresas e governos continuam lucrando com a degradação ambiental.
“Os combustíveis fósseis ainda recebem muitos subsídios dos contribuintes. Corporações lucram com a devastação ambiental, gastando bilhões em lobbies para enganar o público e obstruir o progresso”, alertou Guterres.
O secretário-geral lembrou que, em 2023, os investimentos em energias renováveis já superaram em US$ 800 bilhões o valor aplicado em petróleo e carvão, e pediu que líderes globais mantenham o compromisso firmado na COP de Dubai de abandonar gradualmente os combustíveis fósseis.
“Precisamos apoiar os países em desenvolvimento que ainda dependem desses combustíveis e superar barreiras estruturais para que possam entregar suas metas de redução de emissões”, completou.
Cúpula do Clima em Belém abre caminho para a COP30
A Cúpula do Clima, que antecede a COP30, reúne dezenas de chefes de Estado, de governo e de organismos internacionais até esta sexta-feira (7), com o objetivo de dar peso político às negociações sobre financiamento climático e transição verde.
O encontro ocorre dez anos após o Acordo de Paris, marco internacional que fixou o limite de 1,5°C de aquecimento global como meta a ser perseguida coletivamente.
Desde a Eco-92, no Rio de Janeiro, o Brasil tem papel central nas discussões climáticas globais. Nesta edição, sediada em Belém, o país tenta consolidar sua imagem como liderança diplomática na agenda ambiental e anfitrião de uma conferência que reúne Amazônia e Atlântico — símbolos da urgência climática.
Lula também defende fim dos combustíveis fósseis
Durante o mesmo evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou o apelo de Guterres, afirmando que a superação da dependência dos combustíveis fósseis deve estar no centro das decisões políticas e econômicas.
Lula pediu “coragem e determinação” para encarar a realidade climática e destacou que a COP30 será “a COP da verdade”, em referência à necessidade de transformar os discursos em ações concretas.
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