Ricardo Galvão assume vaga de Boulos na Câmara e promete defender a ciência no Congresso
O físico Ricardo Galvão (Rede-SP) anunciou oficialmente nesta quarta-feira (29) que vai assumir o mandato de deputado federal deixado por Guilherme Boulos (PSOL-SP), atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Até então presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Galvão era o primeiro suplente da coligação e confirmou a decisão por meio das redes sociais.
Na publicação, o cientista afirmou que pretende ser “a voz da ciência no Congresso Nacional” e destacou o papel do conhecimento científico na reconstrução do país. “Em 2019, o negacionismo tentou calar a ciência. Mas resistimos. Em 2022, o povo derrotou o autoritarismo. Hoje, a ciência brasileira ocupa um lugar na Câmara dos Deputados”, escreveu.
Galvão também agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pela confiança durante sua gestão à frente do CNPq.
Reunião e planos no Legislativo
Segundo o novo deputado, a decisão de deixar o comando do CNPq foi tomada após reunião com Marina Silva e Boulos. Ele disse ter recebido a garantia de que permanecerá no cargo até, pelo menos, março de 2026. “Meu principal objetivo é trabalhar no orçamento do ano que vem, buscando maior aporte para as instituições de pesquisa”, afirmou.
Galvão pretende integrar a Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara para discutir o financiamento de universidades e centros de pesquisa. “Temos várias unidades com poucos recursos, e quero ajudar a mudar essa realidade”, disse.
O físico ponderou que ainda não tem planos políticos de longo prazo. “Faço parte de uma rede de pesquisadores que quer levar o debate científico ao Congresso. Se o grupo decidir por novas candidaturas, avaliarei. Caso contrário, continuarei apoiando a pesquisa como sempre fiz”, completou.
Trajetória e reconhecimento
Ricardo Galvão é doutor em Física de Plasmas Aplicada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e professor aposentado do Instituto de Física da USP. Foi diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) entre 2016 e 2019, de onde foi demitido após confrontar o então presidente Jair Bolsonaro sobre dados de desmatamento na Amazônia.
Em 2019, foi incluído pela revista *Nature* entre os dez cientistas mais influentes do mundo e, em 2021, recebeu o prêmio internacional da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS) na categoria “Liberdade e Responsabilidade Científica”.
Além disso, foi diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, presidiu a Sociedade Brasileira de Física e integrou o Conselho Científico da Sociedade Europeia de Física. Em 2023, foi nomeado presidente do CNPq, onde coordenou políticas de fomento à pesquisa e de valorização dos cientistas brasileiros.
Atualmente, é membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo.
