Governo registra déficit primário de R$ 100,4 bilhões até setembro, mas melhora em relação a 2024
As contas do governo federal fecharam os nove primeiros meses de 2025 com um déficit primário de R$ 100,4 bilhões, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (30) pelo Tesouro Nacional. O resultado indica que as despesas superaram as receitas com tributos e outras fontes de arrecadação — sem considerar o pagamento de juros da dívida pública.
Apesar do saldo negativo, houve uma leve melhora em relação ao mesmo período de 2024, quando o déficit, corrigido pela inflação, foi de R$ 108,7 bilhões. Em 2022, o governo ainda havia registrado superávit de R$ 37,7 bilhões, o melhor desempenho recente para o período.
De janeiro a setembro, a receita líquida — já descontadas as transferências constitucionais a estados e municípios — aumentou 3,5% em termos reais, totalizando R$ 1,68 trilhão. As despesas, por outro lado, somaram R$ 1,78 trilhão, com alta real de 2,8%.
Meta fiscal distante
O resultado parcial ainda está distante da meta fiscal de 2025, que prevê déficit zero nas contas do governo.
Pelas regras do novo arcabouço fiscal, o governo pode registrar um rombo de até 0,25% do PIB (aproximadamente R$ 31 bilhões) sem descumprir formalmente o objetivo. Além disso, é possível excluir da meta cerca de R$ 43,3 bilhões referentes ao pagamento de precatórios.
Com essas exceções, o limite de déficit permitido neste ano chega a R$ 74,3 bilhões. O Tesouro Nacional projeta um resultado negativo de R$ 73,5 bilhões — praticamente no teto da margem autorizada.
Economistas criticam a flexibilidade das regras, argumentando que o excesso de exceções compromete o ajuste das contas públicas e reduz a credibilidade da política fiscal.
Setembro tem pior desempenho desde 2020
Somente em setembro, o déficit primário foi de R$ 14,5 bilhões, o pior resultado para o mês desde 2020 — quando, em meio às despesas emergenciais da pandemia, o rombo chegou a R$ 104 bilhões.
O número representa uma deterioração frente a setembro de 2024, quando o déficit foi de R$ 5,43 bilhões, também corrigido pela inflação.
A receita líquida do mês somou R$ 172,3 bilhões, com leve alta real de 0,6%, impulsionada pelo desempenho recorde da arrecadação, especialmente do IOF. As despesas, porém, cresceram em ritmo mais acelerado, subindo 5,7% em termos reais, para R$ 186,8 bilhões.
O cenário reforça o desafio do governo em equilibrar as contas públicas e atingir o objetivo de déficit zero até o fim do ano.
