Lula avalia movimentação na Secretaria-Geral com Boulos em meio a articulações políticas para 2026
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, negou nesta sexta-feira (26) qualquer conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre sua substituição, enquanto cresce a articulação para a eventual nomeação de Guilherme Boulos (PSOL) à pasta. A movimentação é vista como estratégica para fortalecer a base de apoio do governo nas eleições presidenciais de 2026.
Segundo a colunista Julia Duailibi, aliados do Palácio do Planalto têm discutido internamente que a presença de Boulos na Secretaria-Geral poderia ampliar a interlocução do governo com movimentos sociais e setores progressistas do Congresso Nacional. Em entrevista, Macêdo reforçou que o cargo é de livre escolha do presidente:
“O cargo é de livre escolha do presidente da República. Ele tem o poder de fazer as mudanças que considerar necessárias.”
O papel estratégico da Secretaria-Geral
A Secretaria-Geral da Presidência exerce função central na coordenação das políticas governamentais e na articulação política com o Congresso Nacional. A pasta é responsável por dialogar com parlamentares, sindicatos, movimentos sociais e entidades civis, garantindo a implementação das prioridades do governo. A eventual troca de Macêdo por Boulos é interpretada como um movimento para reforçar a capacidade de Lula de mobilizar apoio político e social no período pré-eleitoral.
Boulos e a articulação social
O deputado do PSOL foi um dos organizadores das manifestações de domingo contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia a condenados pelos atos de 8 de janeiro, eventos que contaram com grande adesão popular e surpreenderam integrantes do governo. Essa mobilização reforçou a percepção de que Boulos possui capacidade de engajamento com setores da sociedade civil, algo estratégico para Lula em 2026.
Segundo interlocutores, o governo analisa que a presença de Boulos poderia ajudar na articulação com a esquerda e setores independentes do Congresso, equilibrando interesses políticos e garantindo maior controle sobre pautas legislativas sensíveis.
Entraves internos e resistências
Apesar da articulação em favor de Boulos, a mudança enfrenta resistências internas. Um dos desafios é definir a acomodação política de Macêdo, que mantém boa relação com setores do PT e aliados estratégicos de Lula. Além disso, integrantes do PSOL e do PT manifestam cautela sobre a ida de Boulos para o ministério, preocupados com possíveis desgastes políticos e efeitos em alianças regionais.
O governo também avalia que a movimentação precisa conciliar interesses de diferentes setores da base, incluindo centrais sindicais, movimentos sociais e parlamentares aliados. Essa avaliação é vista como essencial para evitar conflitos internos e fortalecer a estratégia eleitoral do Planalto.
Contexto eleitoral e político
As eleições de 2026 já mobilizam articulações estratégicas no governo, com foco em consolidar alianças e fortalecer candidatos aliados. A eventual nomeação de Boulos pode ser interpretada como tentativa de ampliar o diálogo com movimentos sociais e organizações progressistas, garantindo uma frente política unificada e organizada para enfrentar a oposição e fragmentação da direita.
Aliados de Lula destacam que o movimento é parte de um planejamento maior, que inclui negociações com partidos da base aliada, construção de consensos sobre pautas legislativas sensíveis, como reformas e projetos de anistia, e ampliação do engajamento social em campanhas de comunicação e mobilização popular.