PGR pede ao STF reabertura de inquérito sobre suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal
A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou nesta quarta-feira (15) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a reabertura das investigações sobre a suposta interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Polícia Federal durante seu governo. O pedido marca uma mudança de posição em relação ao arquivamento anterior, determinado a partir de manifestação do ex-procurador-geral Augusto Aras.
O caso foi instaurado em 2020, após o então ministro da Justiça, Sergio Moro — hoje senador pelo União Brasil do Paraná —, acusar Bolsonaro de tentar influenciar politicamente a PF e obter acesso a inquéritos envolvendo familiares. O ex-presidente revidou, acusando Moro de denunciação caluniosa.
A Polícia Federal, na época, encerrou o inquérito sem apontar indícios de crime, e Aras solicitou o arquivamento. Em maio de 2024, o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, questionou o atual procurador-geral, Paulo Gonet, se manteria o pedido.
Agora, Gonet entende que é necessário “verificar com maior amplitude” se houve interferência direta ou tentativa de uso da estrutura do Estado para fins pessoais. Ele também solicitou que a PF apure possível relação entre o episódio e a investigação sobre uma organização criminosa acusada de promover ataques contra autoridades, disseminar fake news e utilizar indevidamente órgãos como a Abin e o GSI.
A origem da crise
Em 24 de abril de 2020, Sergio Moro anunciou sua saída do governo e afirmou que Bolsonaro tentou interferir na PF ao exonerar o então diretor-geral, Mauricio Valeixo, seu homem de confiança. O ex-ministro alegou que o presidente queria acesso a investigações sigilosas sobre familiares e pressionava pela troca no comando da corporação.
O inquérito foi aberto a pedido de Aras e autorizado pelo ministro Celso de Mello, então relator no STF. Durante as investigações, o vídeo de uma reunião ministerial de 22 de abril de 2020 se tornou peça-chave: nele, Bolsonaro teria mencionado a PF ao reclamar da falta de informações sobre a segurança de sua família.
O ex-presidente negou, inicialmente, ter citado a corporação, mas depois admitiu ter usado o termo “PF”, argumentando que se referia apenas a questões de segurança pessoal.
Quatro dias após a saída de Moro, Bolsonaro nomeou Alexandre Ramagem, amigo da família, para dirigir a PF. A nomeação foi barrada por Moraes, que apontou desvio de finalidade.
Com o novo pedido da PGR, caberá agora ao STF decidir se o inquérito será reaberto, o que pode recolocar o ex-presidente no centro de uma das crises políticas mais emblemáticas de seu mandato.
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