Lula volta a cobrar redução dos juros e critica atuação do Banco Central

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a pressionar o Banco Central pela redução da taxa básica de juros. Em discurso nesta segunda-feira (20), ele afirmou que a instituição precisa “começar a abaixar os juros” para impulsionar o crédito e o crescimento econômico do país.

“Eu quero que os empresários ganhem muito dinheiro, que suas empresas cresçam, produzam e gerem empregos. Quero que a indústria automobilística venda quantos carros for capaz, quero que os banqueiros ganhem dinheiro — mas não precisam extorquir o povo”, disse o presidente.

Lula defendeu que os lucros do sistema financeiro venham de “juros razoáveis” e argumentou que a atual política monetária ainda trava a expansão da economia. “O Banco Central vai precisar começar a abaixar os juros, porque todo mundo sabe o que nós herdamos e sabe que estamos preparando este país para ter uma política monetária mais séria”, declarou.

Atualmente, a taxa Selic está em 10,75% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) tem mantido um ritmo gradual de cortes desde 2023, mas o governo considera o processo lento diante da desaceleração da inflação e da necessidade de estímulos à produção e ao consumo.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem reforçado que o governo mantém o equilíbrio fiscal e que a inflação segue controlada dentro das metas, o que, segundo ele, justificaria uma redução mais acelerada dos juros.

Críticas recorrentes e tensão política

Desde o início do terceiro mandato, Lula tem direcionado críticas frequentes à condução da política monetária e à autonomia do Banco Central, presidido por Roberto Campos Neto — nomeado durante o governo de Jair Bolsonaro.

O atual presidente do BC deixa o cargo em dezembro de 2025, e as declarações de Lula reacendem o debate sobre quem será o próximo chefe da instituição. A escolha, considerada estratégica, é acompanhada de perto por agentes do mercado financeiro e pelo próprio Congresso Nacional.

Nos bastidores, aliados do governo avaliam que a sucessão no Banco Central será um dos temas econômicos mais sensíveis de 2025, com impacto direto sobre o desempenho da economia e a confiança dos investidores.