Haddad diz que governo vai priorizar corte de gastos antes de propor aumento de impostos

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (28) que o governo federal pretende aguardar a votação de projetos que limitam os gastos públicos antes de encaminhar ao Congresso propostas voltadas ao aumento da arrecadação.

As declarações foram dadas a jornalistas na portaria do Ministério da Fazenda, em Brasília. Segundo o ministro, a estratégia é consolidar as medidas de contenção de despesas antes de avançar com eventuais elevações tributárias.

“A parte mais incontroversa, que é colocar um pouco de ordem na questão do gasto primário, possivelmente possa ser incorporada em um projeto que já está em tramitação”, afirmou Haddad. Ele acrescentou que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem dialogado com a equipe econômica e se mostrado disposto a acelerar a votação.

De acordo com Haddad, o texto em análise pode garantir cerca de R$ 25 bilhões aos cofres públicos e deve ser votado nesta quarta-feira (29). “O presidente Hugo me ligou várias vezes na semana passada e disse que dois ou três parlamentares estariam disponíveis para incorporar a parte incontroversa da medida provisória, que responde por cerca de 60% do problema que nós temos para resolver até o final do ano”, afirmou.

Alta de tributos será “parte residual”

O ministro ressaltou que o governo ainda avalia medidas de elevação de tributos, mas que estas devem representar apenas uma “parte residual” do ajuste fiscal.

“Depois dessa votação [dos projetos de contenção de gastos], vai ficar mais fácil encontrar um equacionamento simples para fechar a peça orçamentária do ano que vem”, disse Haddad.

Ele também mencionou que o Congresso e o mercado financeiro têm manifestado apoio às medidas de equilíbrio fiscal, e que até fintechs apresentaram propostas para ajustar a relação entre bancos tradicionais e empresas financeiras digitais.

“Estamos avaliando como complementar esse esforço, mas a prioridade neste momento é organizar os gastos públicos. Depois disso, vamos definir qual é a melhor maneira de complementar o ajuste com medidas de arrecadação”, concluiu o ministro da Fazenda.