Governo Lula aposta em vitória na votação do projeto de corte de gastos nesta quarta-feira

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acredita em uma vitória política nesta semana com a aprovação do projeto de corte de gastos e de fechamento de brechas na compensação de créditos de PIS e Cofins, que deve ser votado nesta quarta-feira (29) na Câmara dos Deputados. A proposta é estimada em R$ 25 bilhões de reforço à arrecadação federal.

A expectativa positiva ocorre após uma reorganização da base aliada na Câmara. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, têm articulado com o relator Juscelino Filho (União-MA) os detalhes da versão final do texto, discutidos em reunião realizada na noite de terça-feira (28) na Residência Oficial da Câmara.

Segundo o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), o texto será acoplado ao projeto que autoriza a atualização de valores patrimoniais nas declarações de Imposto de Renda. “É um tema mais correlato ao texto do projeto”, justificou Guimarães.

Governo abandona “mix” com projeto sobre bebidas

Inicialmente, a equipe econômica tentou incluir as medidas de corte de gastos em um projeto de lei que tornava crime hediondo a falsificação de bebidas. No entanto, a estratégia foi abandonada após a avaliação de que a junção dos temas seria politicamente incoerente.

O novo plano é vincular as medidas fiscais ao projeto da atualização patrimonial, que permite ao contribuinte corrigir o valor de imóveis e bens declarados, pagando um Imposto de Renda sobre a diferença agora, mas reduzindo a tributação futura na venda do bem.

De acordo com integrantes da Fazenda, esse é o formato mais bem aceito politicamente, por ser de interesse tanto do governo quanto dos contribuintes e manter o foco em temas econômicos.

Próximos passos: aumento de tributos e resistências

Enquanto o governo trabalha pela aprovação do corte de gastos, o projeto de aumento de receitas — que eleva tributos sobre bets, fintechs e juros sobre capital próprio — deve ser enviado em regime de urgência nos próximos dias.

A proposta, porém, enfrenta resistências dentro e fora da base governista. Deputados aliados alertam que ela pode ter o mesmo destino da MP 1.303, que previa aumento de impostos e acabou caducando por falta de apoio político.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que o governo quer transformar o debate em uma disputa de narrativa com a oposição. “Sabemos das resistências, mas queremos mostrar que eles são contra a cobrança de imposto de setores privilegiados da economia”, disse o parlamentar.

Clima político

Com a expectativa de votação ainda nesta quarta (29), o Planalto avalia que a aprovação do projeto de corte de gastos seria um sinal de retomada da articulação política após semanas de tensão com o Congresso. A equipe econômica aposta que o gesto abrirá caminho para negociações mais amplas sobre o ajuste fiscal de 2026, reduzindo o espaço para novas derrotas legislativas.