Tarcísio evita assumir candidatura a presidência, mas estratégia mira 2026
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a se manifestar nesta segunda-feira (29/9), criticando o projeto de lei da Dosimetria e defendendo uma anistia ampla aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. O gesto mais simbólico, porém, não foi apenas sua fala, mas a visita ao presidente Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar em Brasília. Foi a primeira vez que Tarcísio esteve pessoalmente com Bolsonaro desde a condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
No discurso, Tarcísio reafirmou que não discutiu o tema da anistia com Bolsonaro, mas deixou claro que considera o perdão um “caminho de pacificação”. Em suas palavras:
“Muitas pessoas que estão presas não sabiam exatamente o que estavam fazendo. Já cumpriram pena, já entenderam que toda depredação é condenável. O que aconteceu em 8 de janeiro é deplorável, é condenável, e não podemos estimular esse tipo de coisa.”
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Ele também direcionou críticas ao ministro Alexandre de Moraes, ao afirmar que investigações em curso têm servido como “instrumento de pressão, principalmente contra políticos de direita”. E reforçou que a anistia deve incluir todos os envolvidos — inclusive Bolsonaro — como única forma de “virar a página”.
A leitura política: fuga do foco e estratégia futura
Na minha avaliação, oficialmente, Tarcísio repete que não será candidato à Presidência em 2026. Mas, na prática, essa negativa se mostra mais como uma estratégia de sobrevivência política do que uma decisão definitiva.
O governador entende que assumir-se desde já como candidato seria atrair, de imediato, a artilharia dos adversários, transformando-o em alvo preferencial tanto da esquerda quanto de potenciais rivais internos da direita.
Ao negar publicamente a candidatura, Tarcísio ganha tempo: preserva sua imagem administrativa em São Paulo, evita embates diretos e mantém sua trajetória presidencial em “banho-maria” até que o cenário político se reconfigure.
Bolsonaro no centro, Tarcísio nas bordas
Outro ponto é a relação com Bolsonaro. A visita é carregada de simbolismo: Tarcísio mantém-se próximo ao líder que ainda concentra forte capital político entre os eleitores de direita, mas ao mesmo tempo busca mostrar-se como alternativa viável caso Bolsonaro permaneça inelegível. É uma dança política de equilíbrio — lealdade sem dependência total.
Na prática, o governador paulista ensaia ocupar o espaço de “herdeiro natural” do bolsonarismo, mas só revelará esse movimento quando tiver clareza sobre as condições jurídicas e políticas do ex-presidente.
O jogo em 2026
O discurso de pacificação com a anistia não deve ser lido apenas como posicionamento jurídico ou humanitário. É, sobretudo, um gesto de sinalização política para a base conservadora, reforçando a imagem de Tarcísio como um moderado dentro do bolsonarismo, capaz de dialogar com o eleitorado fiel a Bolsonaro sem perder espaço junto ao centro.
Portanto, quando o governador diz que não será candidato, o que ele está realmente fazendo é manter-se fora da linha de fogo agora para entrar em campo com força total mais adiante. Sua estratégia não é renunciar à corrida presidencial, mas controlar o tempo da própria candidatura.
Em resumo: Tarcísio recua no discurso público para avançar no tabuleiro político. E tudo indica que o verdadeiro objetivo continua sendo o Palácio do Planalto em 2026.
Farinha pouca, meu pirão primeiro!

MAURÍCIO JÚNIOR
Um apaixonado por política, CEO da MRO Mídia e com muito orgulho fundador do portal ND1.
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