PSDB do Ceará confirma filiação de Ciro Gomes em dezembro e aposta em candidatura ao governo em 2026

Ciro Gomes no PSDB
O presidente estadual do PSDB no Ceará, Ozires Pontes, afirmou que o ex-ministro Ciro Gomes, atualmente filiado ao PDT, deve retornar ao ninho tucano ainda neste ano. A filiação, segundo ele, já tem data marcada para dezembro e será acompanhada por um grande evento político que pretende reunir lideranças locais, nomes nacionais do partido e simpatizantes.

“Será no mês de dezembro a filiação dele. Vamos fazer um evento aqui gigantesco, chamar todo mundo de fora tanto a nível local e nacional”, declarou Pontes, em conversa com a coluna.

Segundo o dirigente, a escolha da data não é casual. O adiamento para o fim do ano foi pensado como uma forma de reduzir a tensão política no estado, já que a mudança de partido de Ciro tem gerado especulações e movimentações de bastidores em torno da eleição de 2026. O presidente do PSDB cearense foi categórico ao afirmar que a entrada do ex-ministro na legenda terá como objetivo uma candidatura ao governo estadual. “Data marcada, candidato ao governo”, sentenciou.

O cenário da oposição e as movimentações de Ciro

Apesar da convicção tucana, Ciro Gomes ainda não confirmou publicamente sua nova sigla nem uma candidatura. Em recente evento no aniversário do ex-prefeito Roberto Cláudio, o ex-ministro limitou-se a dizer que está pronto para enfrentar os desafios da oposição, mas também deixou em aberto a possibilidade de outro nome encabeçar a disputa pelo bloco oposicionista.

Nos bastidores, além das negociações com o PSDB, Ciro também vinha sendo especulado em tratativas com a federação União-PP no Ceará. Em Brasília, colunistas chegaram a apontar uma possível aproximação do ex-ministro com setores do Centrão, o que reforçou a incerteza sobre seu destino partidário.

Biografia resumida de Ciro Gomes

Ciro Ferreira Gomes tem 66 anos e construiu uma carreira política marcada pela versatilidade e pelo protagonismo em diferentes partidos. Foi prefeito de Fortaleza (1989–1990), governador do Ceará (1991–1994), ministro da Fazenda no governo Itamar Franco e ministro da Integração Nacional no governo Lula. Além disso, disputou quatro vezes a Presidência da República (1998, 2002, 2018 e 2022), sempre com forte presença no debate político nacional.

Conhecido pelo discurso combativo, pela defesa de um projeto desenvolvimentista para o Brasil e pela habilidade em articulações regionais, Ciro é considerado uma das principais lideranças políticas do Ceará nas últimas décadas.

Crise no PDT e saída de Ciro

A relação de Ciro Gomes com o PDT, partido em que esteve desde 2015, sofreu um abalo profundo após as eleições de 2022. Derrotado em sua quarta tentativa de chegar ao Planalto, o ex-ministro perdeu espaço interno, especialmente diante da consolidação de alianças regionais que não passaram pelo seu aval. A legenda, sob a presidência de Carlos Lupi, aproximou-se ainda mais do governo Lula, movimento que deixou Ciro politicamente isolado.

Esse distanciamento se intensificou em 2023 e 2024, quando o PDT buscou alianças pragmáticas nos estados e reduziu a centralidade do projeto presidencial de Ciro. Internamente, aliados avaliaram que o ex-ministro já não tinha mais controle sobre os rumos partidários, o que abriu caminho para sua saída.

A oportunidade do PSDB

Para o PSDB, a chegada de Ciro representa uma oportunidade estratégica em dois níveis:

  1. No Ceará, a legenda busca reconstruir protagonismo após anos de perda de espaço para o grupo governista liderado pelo PT e pelos Ferreira Gomes. Ter Ciro como candidato ao governo em 2026 recoloca o partido no centro da disputa estadual.
  2. No plano nacional, a filiação de uma figura de peso como Ciro dá fôlego a um PSDB fragilizado, que perdeu parte de sua relevância após as últimas eleições presidenciais. Reaproximar-se de um político com reconhecimento nacional pode ser uma forma de reposicionar a legenda no tabuleiro político.

Se confirmada em dezembro, a filiação de Ciro Gomes ao PSDB marcará uma reviravolta na política cearense, redesenhando alianças e abrindo novas possibilidades para a oposição no estado. O movimento também sinaliza uma tentativa de reposicionamento tanto para o ex-ministro quanto para o próprio partido, que busca retomar protagonismo após anos de retração.