Presidente do União Brasil, Antônio Rueda, é citado em investigações da PF na Operação Carbono Oculto

Operação da PF contra Antônio Rueda
Antônio Rueda / Reprodução - Divulgação

O presidente do União Brasil, advogado Antônio Rueda, teve seu nome associado às apurações da Operação Carbono Oculto, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) em parceria com a Polícia Federal (PF) e a Receita Federal. A ofensiva investiga a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis e no sistema financeiro, em um esquema bilionário de lavagem de dinheiro.

Segundo apuração do portal ND1, a PF apura indícios de que Rueda seria proprietário oculto de jatos executivos, registrados formalmente em nome de terceiros e de fundos de investimento. As aeronaves estariam sob operação da Táxi Aéreo Piracicaba (TAP), empresa tradicional no mercado de aviação privada e que já atendeu políticos de diversos partidos.

Entre os jatos investigados estão modelos como o Cessna 560XL, avaliado entre US$ 2,4 milhões e US$ 3,6 milhões, além de um Gulfstream G200, orçado em cerca de US$ 18 milhões (quase R$ 100 milhões).

A suspeita central é de que essas aeronaves tenham sido incorporadas a uma teia de fundos de investimento considerados “caixa-preta”, caracterizados pela dificuldade de auditoria e pela ausência de transparência documental, como o Bariloche FIP e o Viena, da gestora Genial.

As operações da Polícia Federal: Carbono Oculto e Sisamnes

A Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto deste ano, investiga aproximadamente mil postos de combustíveis que movimentaram mais de R$ 50 bilhões entre 2020 e 2024. Segundo os investigadores, o PCC teria se infiltrado em toda a cadeia: da importação de derivados até a revenda nos postos, usando fintechs e fundos de investimento para lavar dinheiro ilícito.

O nome de empresas ligadas às aeronaves também surgiu na Operação Sisamnes, deflagrada em novembro passado. Essa apuração mirava a venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e atingiu empresários de mineração ligados à Bariloche Participações S.A., que também têm participação em companhias de aviação investigadas.

Quem é Antônio Rueda?

Nascido em Alagoas, Antônio Rueda é advogado especializado em direito eleitoral e partidário. Ao longo de sua carreira, construiu forte influência nos bastidores de Brasília como articulador político e advogado de campanhas eleitorais de destaque.

Com a fusão do DEM com o PSL, que originou o União Brasil em 2021, Rueda consolidou-se como figura estratégica no comando da legenda, que detém uma das maiores bancadas no Congresso e acesso significativo ao fundo partidário. Em 2023, assumiu a presidência do partido, após uma intensa disputa interna.

Disputa pelo comando do União Brasil

A ascensão de Rueda à presidência do União Brasil não ocorreu sem turbulências. Ele travou uma disputa direta com o deputado federal Luciano Bivar (PE), fundador e ex-presidente do PSL. Bivar, que presidiu o União Brasil nos primeiros anos após a fusão, buscava manter sua influência na legenda, mas acabou derrotado em uma convenção partidária marcada por negociações tensas.

A vitória de Rueda representou uma mudança na correlação de forças dentro do partido, com reflexos tanto em Brasília quanto nos estados. Desde então, as disputas internas entre os dois grupos políticos têm sido constantes, colocando o União Brasil no centro de batalhas jurídicas e políticas.

A defesa de Rueda

Procurado pela reportagem do ND1, Rueda negou qualquer relação com a Operação Carbono Oculto. Em nota, afirmou que seu nome “foi suscitado em um contexto absolutamente infundado” e declarou que tomará todas as medidas cabíveis para proteger sua reputação.

Apesar da negativa, as investigações continuam em curso, e a presença de figuras de destaque do meio político nas apurações lança novas sombras sobre a relação entre poder, economia e o crime organizado no Brasil.