Fala de Bolsonaro a Rádio Jornal afirmando que pode não concorrer a reeleição mostra insegurança


Em entrevista à Rádio Jornal, o presidente da república Jair Bolsonaro voltou a defender “eleições limpas” em 2022 e disse que não sabe se vai concorrer à reeleição. “Eu não vou dizer que vou disputar a reeleição. Até lá tudo pode acontecer.”

“Um cargo como o meu, presidente da República, você tem que buscar aliados pelo Brasil. Se bem que eu não tive em 2018, meu grande aliado foi o povo brasileiro. O que nós queremos são eleições limpas. 

Nós queremos eleições ano que vem. Ninguém falou que não queremos eleições ano que vem, queremos sim. Mas eleições democráticas, limpas”, disse, voltando a defender o voto impresso — já derrotado na Câmara.

Jair Bolsonaro (sem partido) vem enfrentando críticas pelo modo de condução na pandemia da covid-19, escândalos de corrupção, ameaças veladas ao judiciário e sistema eleitoral brasileiro.

Alta da Gasolina 

Para piorar a situação do governante, a alta nos preços da Gasolina que chegou a 7 reais o litro - têm deixado os brasileiros de péssimo humor e isso vem impactando a popularidade de Bolsonaro - em franca queda livre. 

Até mesmo a Record, de Edir Macedo, tida como aliada na mídia convencional e que tem andado ao lado dos bolsonaristas do País, consegue deixar nas sombras a dura realidade da alta de preços na gasolina que atormentam o bolso do brasileiro comum. Uma reportagem na TV do bispo abordando essa alta acima de sete reais levou uma cidadã a pedir o impeachment de Bolsonaro, enquanto a apresentadora disse que “o jeito agora é andar de bicicleta”.

Risco de Apagão

Outro grande problema é o eminente risco energético no país que pode culminar em 'apagão', o que dificultaria ainda mais a corrida pela reeleição de Jair Bolsonaro. Talvez por conta de tantas crises e ineficiência de seu governo, o 'mito' considerado por seus seguidores - tenha vez ou outra demonstrado desânimo e cansaço chegando a relatar que pode não concorrer à reeleição.

Ainda sobre a crise hídrica no Brasil, o ONS afirma que é necessário aumentar a oferta de energia em 5,5 GWmed para garantir o suprimento de eletricidade a partir de setembro de 2021. Para se ter ideia do que isso significa, nesta terça-feira o país consumiu cerca de 73 GWmed de energia. Ou seja, será necessário tomar medidas para garantir um adicional de cerca de 7% de energia.

Isso é mais do que a hidrelétrica de Itaipu, a maior do país, tem gerado todos os dias (pouco mais de 4 GW). A usina está com o nível baixo no seu reservatório e tem gerado o menor volume de energia em décadas. Esse adicional pode ser alcançado, inclusive, com redução de consumo. No futuro, será mais difícil atender essa carga porque o nível dos reservatórios vai ter baixado, como informa reportagem recente do ND1 sobre o tema (leia a íntegra aqui).

Uma análise de Márcio Coimbra, colunista do site Poder360 faz todo sentido, principalmente se seguirmos a tendencia de queda na popularidade de Bolsonaro, captada por diversos institutos, veja trecho à seguir. 

"Tudo indica que o presidente entrará no ano final de sua Presidência ferido politicamente, porém ainda acreditando em sua habilidade de virar o jogo. Bolsonaro é um político intuitivo, mas não um estrategista. Venceu 2018 a bordo de uma onda que não existe mais. 2022 é um jogo de estratégia, não mais de intuição. Terá ao seu lado seus fiéis seguidores, porém terá perdido o impulso que o levou até a Presidência, representando pelo lavajatismo, antipetismo, liberalismo e até o conservadorismo. O bolsonarismo como fenômeno chega enfraquecido em 2022", analisa Coimbra (confira à íntegra do artigo aqui).

Ao meu ver, essa análise de Márcio está totalmente dentro da realidade, e Bolsonaro sabe que os riscos de perder a reeleição são muito reais, ou então não demonizaria um sistema eleitoral que o levou à vitória em 2018. Simples assim! 

(*) Este artigo não representa a opinião do ND1 e é de responsabilidade do colunista.

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