Salário mínimo vai a R$ 1.621 em 2026 após inflação menor que o previsto
O salário mínimo nacional será de R$ 1.621 a partir de 1º de janeiro de 2026, segundo cálculo antecipado pelo g1. O valor representa um aumento de R$ 103 em relação aos R$ 1.518 pagos hoje, mas ficou abaixo das estimativas anteriores tanto do governo quanto do Orçamento de 2026.
A previsão oficial do Orçamento era de R$ 1.631, enquanto a estimativa divulgada pelo governo no fim de novembro apontava para R$ 1.627. A diferença ocorreu porque a inflação, um dos parâmetros da fórmula de reajuste, fechou abaixo do esperado.
Para que o novo valor tenha validade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda precisa publicar um decreto oficializando o reajuste. O novo mínimo entra em vigor em 1º de janeiro e será pago pela primeira vez no início de fevereiro a trabalhadores e beneficiários cujos rendimentos são vinculados ao piso nacional.
Como funciona o salário mínimo
O salário mínimo é o menor valor que um trabalhador formal pode receber no país. A Constituição determina que o piso deve garantir condições básicas de vida, com correções periódicas que preservem seu poder de compra.
De acordo com o Dieese, o salário ideal para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 7.067,18 em novembro deste ano, equivalente a 4,66 vezes o mínimo atual.
Pela Constituição, o governo é obrigado a reajustar o mínimo ao menos pela inflação. Nos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, a política se limitou a essa correção. Na atual gestão de Lula, houve retomada da política de valorização, que prevê aumentos acima da inflação.
Quem é impactado
O salário mínimo serve de referência para 59,9 milhões de pessoas no Brasil, entre trabalhadores, aposentados e beneficiários de programas sociais como o BPC. A elevação do piso também tem efeitos indiretos, como aumento do salário médio e maior poder de compra das famílias.
Como o governo chegou ao valor de R$ 1.621
Se o reajuste fosse apenas pela inflação medida pelo INPC em 12 meses até novembro (4,18%), o salário mínimo de 2026 subiria para cerca de R$ 1.582.
A política de valorização aprovada em 2023 determina que o reajuste considere, além da inflação, o crescimento real do PIB dos dois anos anteriores. Nesse caso, o aumento deveria seguir o PIB de 2024, estimado em 3,4%.
Entretanto, uma lei aprovada em dezembro de 2023 limitou o ganho real do salário mínimo a 2,5%, em linha com o teto de despesas previsto no arcabouço fiscal.
Assim, aplica-se a inflação de 4,18% mais o ganho real máximo de 2,5%, resultando nos R$ 1.621.
Impacto nas contas públicas
O aumento do salário mínimo eleva de forma automática diversas despesas federais, como previdência, seguro-desemprego e abono salarial.
Segundo cálculos do governo, cada R$ 1 de reajuste no mínimo gera cerca de R$ 420 milhões em gastos no ano seguinte. Com o aumento de R$ 103 em 2026, o impacto estimado é de R$ 43,2 bilhões.
Esse crescimento pressiona as despesas obrigatórias e reduz o espaço para gastos livres do governo, conhecidos como despesas discricionárias, que incluem políticas públicas e investimentos.
