Relator da CCJ entrega parecer contra cassação de Carla Zambelli
O relator do processo contra a deputada Carla Zambelli (PL-SP) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, deputado Diego Garcia (PL-SP), apresentou nesta terça-feira (2) um parecer contrário à cassação do mandato da parlamentar.
Em coletiva, Garcia afirmou não ter encontrado evidências de que Zambelli tenha determinado a invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “Analisei toda a ação e os documentos aos quais tive acesso, e o que encontrei foram suspeitas, mas não há certeza de que a deputada tenha ordenado as invasões”, declarou.
Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão por liderar o ataque ao CNJ. Como a condenação transitou em julgado, cabe à Câmara deliberar sobre a perda do mandato. O parecer do relator ainda precisa ser votado pelos membros da CCJ, que podem aprovar ou rejeitar seu conteúdo.
Após a análise do colegiado, o caso seguirá para o plenário da Casa, onde são necessários ao menos 257 votos para confirmar a cassação.
A deputada participou remotamente de uma audiência da CCJ em setembro, quando trocou acusações com o hacker Walter Delgatti Neto, também condenado no caso. Na ocasião, Zambelli chamou Delgatti de “mitomaníaco” e mencionou o uso de medicamentos para tratar TDAH, ao questionar a saúde mental dele.
Relembre o caso
As investigações apontam que Zambelli teria atuado com Delgatti para inserir documentos falsos na base do CNJ, incluindo um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
A defesa da deputada tentou reverter a condenação alegando cerceamento de defesa por falta de acesso ao material apreendido com o hacker, mas o recurso foi negado.
Além da pena de 10 anos por envolvimento na invasão ao CNJ, Zambelli também foi condenada a 5 anos e 3 meses de prisão por perseguir, armada, um homem em São Paulo em 2022. Ambas as condenações são definitivas.
A deputada está presa em Roma desde julho. Ela fugiu para a Itália antes do trânsito em julgado e acabou incluída na lista de difusão vermelha da Interpol. Zambelli afirma querer ser julgada pela Justiça italiana e nega participação na invasão ao sistema do CNJ.
O processo de extradição segue em análise pela Justiça italiana, com nova audiência marcada para 4 de dezembro.
