Lula critica uso de tornozeleira eletrônica para agressores e cobra ação nacional contra violência contra a mulher

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta segunda-feira (8) a possibilidade de que homens agressores de mulheres utilizem tornozeleira eletrônica como medida de proteção, em substituição à prisão. Para Lula, a alternativa não garante segurança às vítimas e pode até aumentar os riscos.

Segundo o presidente, muitas mulheres deixam de denunciar agressões por medo de represálias. “Não é normal o grau de violência contra mulher, o assédio, a provocação. Não pode acontecer. E, muitas vezes, as mulheres não fazem denúncia porque têm medo que a vingança seja maior”, afirmou durante a Conferência Nacional de Assistência Social, em Brasília.

Ao criticar o uso da tornozeleira, Lula citou o episódio envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, que violou o equipamento no fim de novembro. “Vai colocar tornozeleira, o cara não pode se aproximar de casa, mas quem está dentro de casa sozinha é a mulher. E o safado aparece. E aparece mais nervoso. Olha, se até um presidente da República que tentou dar golpe tentou tirar a tornozeleira, imagina esses”, disse.

O presidente dedicou boa parte de seu discurso ao aumento dos casos de feminicídio no país e afirmou que pretende convocar os Poderes da República para um mutirão nacional de enfrentamento à violência contra a mulher. Ele defendeu um esforço coletivo envolvendo Congresso, STF, STJ, governos estaduais, sindicatos e setores religiosos.

“Temos que fazer um mutirão educacional para que o homem, quando tiver vontade de bater na mulher, pegue o sapato e bata na própria cabeça”, declarou. Lula ressaltou que a mudança de comportamento masculino precisa ser ensinada em casa e na escola, destacando a responsabilidade da sociedade na prevenção.

O presidente disse estar assumindo pessoalmente a luta contra a violência de gênero e afirmou que o governo trabalhará para facilitar denúncias e fortalecer o sistema de punição. Ele reconheceu que, por causa do fim de ano, pode haver dificuldade para reunir imediatamente todos os Poderes, mas garantiu que tentará avançar no plano ainda neste período.