Quase metade da Amazônia Legal está sob proteção ambiental, aponta IBGE
O levantamento indica a existência de 1.053 áreas protegidas, compostas por 430 unidades de conservação, 378 terras indígenas e 245 territórios quilombolas. Juntas, essas áreas representam 27,46% de todo o território nacional. O estudo desconsidera sobreposições de áreas, evitando contagem dupla quando uma terra indígena coincide com uma unidade de conservação.
Diversidade de biomas e povos
A Amazônia Legal abrange os estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins, Mato Grosso e parte do Maranhão. Embora o nome remeta ao bioma amazônico, a região inclui também porções do Cerrado e do Pantanal, sob a coordenação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), vinculada ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
As terras indígenas ocupam 1,15 milhão de quilômetros quadrados — quase a área total do estado do Pará — e abrigam 428 mil pessoas, das quais 94,29% se autodeclaram indígenas. A região concentra 6,8 mil localidades indígenas, o que corresponde a 78,82% do total existente no país.
Territórios quilombolas e conservação ambiental
O IBGE identificou 245 territórios quilombolas oficialmente delimitados na Amazônia Legal, ocupando 27,2 mil quilômetros quadrados. Neles vivem cerca de 92 mil pessoas, representando 45% da população quilombola brasileira. O Censo 2022 também apontou 3,1 mil localidades quilombolas na região.
Já as unidades de conservação somam quase 1,3 milhão de quilômetros quadrados — área superior à do Pará. Dentre as 430 existentes, 171 são de proteção integral, como parques e reservas biológicas, e 259 de uso sustentável, como florestas e reservas extrativistas. As categorias mais comuns são parques naturais (26,05%), reservas extrativistas (18,37%), áreas de proteção ambiental e florestas (ambas com 13,49%).
População e perfil socioambiental
A pesquisa mostra que 2,27 milhões de pessoas vivem dentro de unidades de conservação na Amazônia Legal, o que equivale a 8,5% da população regional. O Maranhão lidera em número de moradores nessas áreas, com 1,28 milhão de habitantes — 22,66% da população do estado. Pará e Amazonas vêm em seguida, com 7,11% e 6,64%, respectivamente.
A maior parte dos habitantes dessas áreas vive em Áreas de Proteção Ambiental (APAs), que permitem certo grau de ocupação humana e têm como objetivo conciliar a proteção da biodiversidade com o desenvolvimento sustentável. Dos moradores das unidades de conservação amazônicas, 69,04% se declaram pardos, 16,6% brancos, 12,54% pretos e 2,21% indígenas.
O IBGE destacou que as áreas protegidas desempenham papel essencial para a preservação ambiental e para o equilíbrio climático, reforçando a importância da Amazônia Legal nas discussões da COP30 sobre sustentabilidade e governança territorial.
