Deputado Duarte Jr. registra ocorrência contra colega do PSB por ameaça após denúncias em CPMI
O deputado federal Duarte Jr. (PSB-MA) registrou, na terça-feira (4), um boletim de ocorrência na Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados contra o deputado estadual Edson Araújo (PSB-MA). O parlamentar acusa o colega de legenda de ameaça após divergências relacionadas à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga descontos fraudulentos em benefícios do INSS.
No mesmo documento, Duarte Jr. também pediu ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), escolta de proteção para ele e seus familiares.
De acordo com matéria da GloboNews não houve resposta a tentativa de contato com Edson Araújo.
Ligação com investigação da Operação Sem Desconto
Além de exercer mandato na Assembleia Legislativa do Maranhão, Edson Araújo é vice-presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA). A entidade é uma das investigadas pela Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Sem Desconto, deflagrada em abril deste ano.
A operação apura descontos irregulares em benefícios previdenciários entre 2019 e 2024, que teriam atingido milhares de segurados. Segundo as investigações, sindicatos e confederações teriam retido parcelas de aposentadorias e pensões sem autorização dos beneficiários.
Duarte Jr. é vice-presidente da CPMI que investiga o caso e tem adotado uma postura crítica em relação às entidades envolvidas. Na segunda-feira (3), durante sessão da comissão, o parlamentar maranhense questionou o presidente da CBPA, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, sobre supostos repasses de valores a Edson Araújo.
“O Edson Araújo, deputado estadual do meu estado do Maranhão, filiado ao meu partido, recebeu quase R$ 5 milhões, inclusive algum desses valores em contas de seus assessores nomeados na Assembleia Legislativa. O senhor acha isso lícito? A que se deve esse depósito?”, perguntou Duarte Jr. durante a sessão.
Abraão Lincoln permaneceu em silêncio, amparado pelo direito de não responder. O depoimento acabou marcado por tensão: Abraão chegou a ser preso em flagrante por desacato, mas foi liberado após pagamento de fiança.
Conversas por aplicativo motivaram o boletim de ocorrência
Segundo o boletim de ocorrência, Duarte Jr. apresentou prints de uma conversa por aplicativo de mensagens com Edson Araújo. As mensagens teriam sido trocadas na tarde de terça-feira, nas dependências da Câmara dos Deputados.
Na troca de mensagens, Edson teria dito:
“Você é um palhaço, irresponsável e incompetente. Nunca recebi nada de aposentado, nós ainda vamos nos encontrar.”
Duarte questionou:
“Você está me ameaçando?”
E o deputado estadual respondeu:
“Tô porque. Você vai ter que provar tudo que falou ou vai se arrepender.”
A Polícia Legislativa da Câmara instaurou investigação para apurar as circunstâncias do episódio e identificar o autor da ameaça. Como a conversa ocorreu dentro das dependências da Casa, a apuração inicial ficará sob competência da própria polícia interna.
Após a conclusão, o procedimento será encaminhado ao Tribunal de Justiça do Maranhão, já que Edson Araújo possui foro por prerrogativa de função, por ser deputado estadual.
Câmara mantém sigilo sobre segurança de parlamentares
Em nota, a Câmara dos Deputados afirmou que “informações que envolvem segurança de deputados são consideradas sigilosas”, sem detalhar se a escolta solicitada por Duarte Jr. já foi concedida.
O caso gerou repercussão interna no PSB e aumentou o clima de tensão entre os integrantes da CPMI, que se debruça sobre um dos escândalos mais complexos de fraude previdenciária dos últimos anos.
Durante a sessão de segunda-feira, Duarte Jr. também afirmou que pretende pedir a expulsão de Edson Araújo do PSB, alegando que o partido “precisa diferenciar o joio do trigo”.
PSB sob pressão e CPMI em rota de colisão
A disputa entre os dois parlamentares ocorre em meio a um cenário de fragilidade política dentro do PSB, que tenta evitar divisões públicas às vésperas de votações importantes no Congresso. O partido, que integra a base do governo Lula, enfrenta pressões internas para se posicionar diante dos desdobramentos da Operação Sem Desconto.
Fontes na legenda afirmam que a direção nacional acompanha o caso com “preocupação” e avalia possíveis medidas disciplinares.
Na CPMI, Duarte Jr. tem se destacado por adotar uma linha dura contra entidades sindicais e figuras políticas do próprio estado, o que tem provocado reações dentro do campo governista e entre aliados locais.
Especialistas ouvidos pelo ND1 apontam que o episódio evidencia como o combate às fraudes previdenciárias expõe redes de influência regionais e abre novos embates dentro do Congresso.
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