CPI do INSS quebra sigilos e convoca deputado estadual do Maranhão investigado pela PF
A CPI mista do INSS aprovou nesta quinta-feira (13) a quebra dos sigilos fiscal e bancário do deputado estadual maranhense Edson Araújo (PSB). O parlamentar foi alvo, na manhã de hoje, de uma operação da Polícia Federal que apura fraudes em descontos ilegais sobre benefícios previdenciários.
Além da quebra de sigilos, o colegiado decidiu convocar Araújo para depor. Ainda não há data definida para a oitiva. O deputado é acusado de ameaçar o vice-presidente da CPI, Duarte Jr. (PSB-MA), após ser citado em depoimentos que relacionam sua atuação a entidades sob investigação.
Araújo é vice-presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA) e presidente licenciado da Federação das Colônias de Pescadores do Estado do Maranhão (Fecopema). Ambas as instituições estão sob apuração por supostos descontos fraudulentos em benefícios do INSS e por irregularidades em acordos ligados ao seguro-defeso — benefício pago a pescadores artesanais durante o período de reprodução dos peixes. Em 2024, o programa movimentou cerca de R$ 5,8 bilhões, beneficiando 1,25 milhão de pessoas.
Segundo o vice-presidente da CPI, Duarte Jr., a operação da PF encontrou um cofre “cheio de dinheiro” na casa de Edson Araújo. O deputado relatou ainda ter sido ameaçado pelo colega por mensagem de texto, após questionar a relação entre Araújo e o presidente da CBPA, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, durante uma sessão da comissão.
“Fiquei aliviado de saber que a Polícia Federal, muito por força dessa CPMI, realizou operações no Maranhão. Uma das residências visitadas foi a do deputado estadual Edson Araújo, que me ameaçou na semana passada”, afirmou Duarte Jr.
De acordo com o parlamentar, Araújo teria recebido quase R$ 5 milhões por meio da Fecopema e da CBPA. Em mensagens trocadas após o depoimento de Ferreira da Cruz, o deputado estadual chamou Duarte Jr. de “palhaço, irresponsável e incompetente”, e ao ser questionado se se tratava de uma ameaça, respondeu: “Tô, por quê? Você vai ter que provar tudo que falou ou vai se arrepender.”
A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) seguem apurando o esquema suspeito de movimentar milhões em descontos indevidos sobre benefícios de aposentados e segurados do INSS.
