STF determina campanha nacional para ampliar transparência das emendas parlamentares

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (27) que o governo federal realize uma ampla campanha publicitária, entre dezembro de 2025 e março de 2026, voltada à transparência e à rastreabilidade das emendas parlamentares. A ação deverá ser veiculada em emissoras públicas e comerciais de rádio e TV, além da internet.

De acordo com a decisão, o material deverá informar os canais de acesso e as formas de acompanhamento da execução dos recursos federais, permitindo que a população monitore o destino das verbas indicadas por deputados e senadores.

Flávio Dino é relator, na Suprema Corte, de ações que questionam a falta de transparência na aplicação das chamadas emendas parlamentares, valores direcionados por congressistas a suas bases eleitorais. A determinação inclui ainda a exibição das peças informativas na TV Senado, TV Câmara e TV Justiça durante o mesmo período.

Linguagem simples e incentivo à fiscalização

A decisão do ministro estabelece que a campanha deve adotar linguagem acessível e estimular o cidadão a consultar o caminho dos recursos e a denunciar eventuais irregularidades. O objetivo, segundo Dino, é garantir que o público tenha condições reais de exercer o controle social sobre a aplicação do dinheiro público.

“O acompanhamento das emendas depende da possibilidade de o cidadão localizar, compreender e utilizar as informações públicas sobre os repasses”, afirmou o ministro. Ele destacou que a transparência só será efetiva se houver letramento digital e informacional, de forma a reduzir desigualdades no acesso às plataformas públicas.

“Sem isso, a transparência permanece meramente formal e inoperante como instrumento de controle democrático”, escreveu Dino na decisão.

Ações de controle e transparência

A medida decorre de uma audiência recente no STF que reuniu representantes do Tribunal de Contas da União (TCU), da Controladoria-Geral da União (CGU), do Ministério da Gestão e da Advocacia-Geral da União (AGU). Na ocasião, foram apresentados novos mecanismos para ampliar a visibilidade sobre os recursos das emendas parlamentares.

A decisão do ministro se fundamenta nos princípios constitucionais da publicidade e do direito de acesso à informação, pilares da administração pública e da fiscalização democrática.