Lula defende exploração de petróleo na Foz do Amazonas e diz que recurso financiará transição energética

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, nesta sexta-feira (24), a decisão que autorizou a Petrobras a realizar pesquisas para exploração de petróleo na Foz do Amazonas, na Margem Equatorial. A liberação foi concedida pelo Ibama nesta semana, a poucos meses da COP 30, que será sediada em Belém (PA).

O aval do órgão ambiental permite à Petrobras perfurar um poço em águas profundas na região, com objetivo exclusivo de pesquisa exploratória. A área da Margem Equatorial se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte e é considerada uma das fronteiras mais promissoras do país para novas reservas de petróleo.

Durante coletiva de imprensa em Jacarta, na Indonésia, Lula afirmou que o petróleo continuará sendo utilizado para financiar a transição energética no Brasil. “Vamos continuar utilizando o dinheiro do petróleo para que a gente faça cada vez mais condições do Brasil se ver livre do combustível fóssil. Mas, enquanto o mundo precisar, o Brasil não vai jogar fora uma riqueza que pode melhorar a vida do povo brasileiro”, declarou.

Transição energética e papel da Petrobras

O presidente ressaltou que há uma diferença de tempo significativa entre a fase de pesquisa e o início efetivo da exploração. “Entre a pesquisa para retirar petróleo e a exploração há um tempo muito grande”, afirmou.

Lula também reforçou que o petróleo deve servir como alavanca financeira para consolidar fontes limpas de energia. “Temos que utilizar o dinheiro do petróleo para consolidar a transição energética, porque a Petrobras vai aos poucos deixando de ser uma empresa de petróleo para ser uma empresa de energia”, disse.

Segundo o petista, embora o discurso global pregue o fim do uso de combustíveis fósseis, poucos países têm condições reais de abandonar essa matriz. “É muito fácil falar em fim do combustível fóssil, mas é difícil dizer quem hoje tem condições de se libertar dele. Ninguém tem”, completou.

Segurança ambiental e críticas de ambientalistas

Lula ainda defendeu a capacidade técnica da Petrobras para atuar em águas profundas e minimizar riscos ambientais. “Você não tem histórico da Petrobras ter vazamento de óleo em lugar nenhum. Possivelmente seja a empresa com mais expertise de prospectar petróleo em águas profundas sem nenhum dano”, afirmou.

Apesar da defesa do presidente, ambientalistas e pesquisadores alertam para os riscos da exploração na região, que abriga ecossistemas sensíveis e de alta biodiversidade, incluindo manguezais e corais únicos.

Atendendo a exigências do Ibama, a Petrobras construiu uma base de resgate de animais em Oiapoque (AP), a cerca de 12 horas de distância da área de perfuração. Em caso de derramamento de óleo, esse seria o tempo máximo para o início do resgate. Especialistas, no entanto, afirmam que esse intervalo seria suficiente apenas para salvar parte da fauna, mas não evitaria danos severos a ecossistemas marinhos.

Energia limpa e compromisso climático

Lula destacou que o Brasil já é um dos países com matriz energética mais limpa do mundo e que o novo projeto não contraria os compromissos ambientais assumidos pelo país. “O que o Brasil está fazendo é dando uma demonstração de competência. 87% da nossa energia elétrica é limpa, a nossa gasolina é mais limpa, o nosso biodiesel é mais limpo. Estamos fazendo o que tem que ser feito corretamente e vamos continuar investindo em energia renovável”, afirmou.

O governo federal pretende apresentar na COP 30, em 2026, uma estratégia de transição energética financiada por receitas do petróleo, como forma de equilibrar crescimento econômico e sustentabilidade.