Governo lança programa “Gás do Povo” para garantir botijão gratuito a famílias de baixa renda

O governo federal publicou nesta sexta-feira (3) as regras oficiais do programa Gás do Povo, iniciativa que pretende ampliar o acesso ao gás de cozinha (GLP) para famílias em situação de vulnerabilidade social. A medida, segundo o Planalto, busca combater a insegurança energética e aliviar o impacto da alta dos preços do gás no orçamento dos brasileiros mais pobres.

O programa prevê a gratuidade no botijão de 13kg para famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) que tenham renda de até meio salário mínimo por pessoa (R$ 759). A prioridade será dada aos beneficiários do Bolsa Família, com renda per capita de até R$ 218.

Critérios de elegibilidade e limites

Para ter acesso ao benefício, é obrigatório que o cadastro da família no CadÚnico esteja atualizado há no máximo 24 meses. Além disso, a quantidade de botijões gratuitos varia de acordo com o número de integrantes:
  • Famílias de 2 a 3 pessoas: até 4 botijões por ano;
  • Famílias de 4 ou mais pessoas: até 6 botijões por ano.
O benefício não é cumulativo. Ou seja, se a família não retirar o auxílio dentro do prazo, ele não será reposto no período seguinte. A validade também depende da composição familiar: três meses para famílias pequenas e dois meses para as maiores.

Veja todas às Curiosidades da Política ← Você Sabia?

Início da distribuição

A previsão do governo é iniciar a entrega dos primeiros botijões na segunda quinzena de novembro de 2025, em caráter gradual. Até março de 2026, a meta é alcançar todos os beneficiários previstos, em uma logística que dependerá da rede de revendas credenciadas em todo o país.

A retirada deverá ser feita pelo responsável familiar em pontos autorizados de revenda de GLP. Para isso, será necessário apresentar documento que comprove o benefício, como o cartão do Bolsa Família ou o cartão bancário da Caixa Econômica Federal vinculado ao programa.

Logística e identidade visual

As revendedoras que participarem do Gás do Povo deverão seguir regras de padronização visual em lojas, veículos de transporte, botijões e materiais de comunicação. A ideia é dar transparência e segurança ao processo, evitando fraudes e facilitando a identificação dos pontos de retirada.

O aplicativo do programa mostrará os locais credenciados mais próximos da residência do beneficiário, funcionando também como ferramenta de monitoramento e de georreferenciamento da política pública.

Contexto social e econômico

O lançamento do Gás do Povo ocorre em um cenário em que o preço médio do botijão de 13kg ultrapassa R$ 100 em diversas capitais, comprometendo uma fatia significativa da renda das famílias de baixa renda. Pesquisas apontam que, em alguns lares mais pobres, o gasto com o gás representa até 10% do orçamento mensal.

O novo programa amplia o alcance da política que anteriormente existia de forma limitada com o Vale Gás, agora transformado em benefício contínuo e com metas de universalização. A expectativa do governo é que a medida não apenas alivie o peso financeiro sobre milhões de famílias, mas também reduza o uso de lenha, carvão e álcool em fogões improvisados — práticas que trazem riscos de saúde e segurança.

Desafios e críticas

Especialistas em políticas sociais apontam, no entanto, que a eficácia dependerá da capilaridade da rede credenciada, sobretudo em áreas rurais e periferias urbanas com menos revendas de GLP. Outro ponto de atenção é o financiamento de longo prazo: garantir a gratuidade dos botijões exigirá aportes regulares no orçamento federal, em um contexto de restrições fiscais.

Ainda assim, o Gás do Povo se soma a um conjunto de medidas de combate à pobreza energética, ampliando o leque de programas sociais do governo e reforçando a centralidade do Bolsa Família como eixo de inclusão social.

O benefício é destinado a famílias com renda de até meio salário mínimo por pessoa (R$ 759), com prioridade para aquelas que recebem o Bolsa Família (até R$ 218 per capita). 

O cadastro precisa estar atualizado há no máximo 24 meses.

As primeiras distribuições começam na segunda quinzena de novembro de 2025. A cobertura total está prevista para março de 2026. A retirada será feita em revendas credenciadas, mediante apresentação do cartão Bolsa Família ou documento bancário da Caixa.

Custo do programa

Estimativas baseadas nos preços atuais do botijão e no número de famílias indicam três cenários:
  • Mínimo: 12 milhões de famílias, botijão a R$ 90, 4 unidades/ano → R$ 4,3 bilhões/ano;
  • Médio: 16 milhões de famílias, botijão a R$ 100, 5 unidades/ano → R$ 8 bilhões/ano;
  • Máximo: 20 milhões de famílias, botijão a R$ 110, 6 unidades/ano → R$ 13,2 bilhões/ano.
O antigo Vale Gás, vigente até 2023, custava cerca de R$ 3 bilhões/ano e atendia 5,8 milhões de famílias.

Impacto no orçamento

O programa exigirá recursos significativos do orçamento federal. Apesar disso, especialistas destacam que o benefício reduz despesas imediatas das famílias e melhora a segurança energética em um segmento populacional altamente vulnerável.

Desafios logísticos

O sucesso depende da capilaridade da rede credenciada, especialmente em áreas rurais e periféricas. O aplicativo oficial mostrará os pontos de retirada, aumentando transparência e prevenindo fraudes.

Comparação internacional

Programas semelhantes existem na América Latina:
  • Argentina: Programa Hogar subsidia botijões de GLP; custo fiscal é elevado.
  • México: Controle de preços e transferências diretas para famílias vulneráveis.
  • Bolívia: Subsídios fortes ao GLP, mas dependentes da produção de hidrocarbonetos.
  • Peru: FISE fornece vales de desconto para botijões, modelo próximo ao brasileiro.
A comparação evidencia que o Brasil segue tendência regional de proteção social via subsídio energético, enfrentando o mesmo dilema fiscal de longo prazo.

Impacto social e ambiental

O programa deve gerar efeitos positivos além do financeiro:

Redução do uso de lenha e álcool: estima-se que, se 20 milhões de famílias substituírem combustíveis alternativos pelo GLP, mais de 200 mil toneladas de madeira deixem de ser consumidas por ano.

Saúde pública: diminuição da fumaça doméstica reduz doenças respiratórias, especialmente entre crianças e idosos, e melhora a qualidade do ar interno.

Desmatamento e emissões: menor corte de árvores para lenha contribui para preservação ambiental e redução de emissões de CO₂ associadas à queima de biomassa.

Segurança doméstica: uso do GLP reduz risco de acidentes causados por fogões improvisados com álcool ou lenha.

Estudos de programas similares na América Latina indicam que cada família beneficiada diminui em média 2 a 3 acidentes domésticos graves por 10 mil famílias/ano relacionados a combustíveis alternativos.

Avaliação política

O Gás do Povo reforça o Bolsa Família como eixo central de proteção social e tem alto apelo popular. O programa pode render visibilidade política positiva, mas o impacto fiscal e a necessidade de execução eficiente serão alvos de debate público.

Custo do programa

O governo não detalhou ainda o impacto fiscal total, mas estimativas baseadas no Vale Gás indicam valores elevados. Em 2023, o programa custava cerca de R$ 3 bilhões por ano e atendia aproximadamente 5,8 milhões de famílias.

O Gás do Povo terá alcance maior, podendo beneficiar mais de 20 milhões de famílias inscritas no CadÚnico. Se cada família receber entre 4 e 6 botijões anuais, o custo pode superar R$ 12 bilhões anuais, a depender do preço médio do gás e da adesão plena.

Impacto no orçamento

O desafio será manter a política em meio às regras fiscais. O governo terá de abrir espaço no orçamento federal para garantir a gratuidade contínua, o que pode gerar disputas com outras áreas sociais e pressões sobre a execução das contas públicas.

Economistas destacam que, embora oneroso, o gasto se justifica pelo impacto social: em lares pobres, o gás pode comprometer até 10% da renda familiar. O programa funcionaria, portanto, como alívio direto ao custo de vida, reduzindo também riscos de saúde pelo uso de lenha ou álcool em fogões improvisados.

Desafios logísticos

Outro ponto sensível é a capilaridade da rede credenciada. Em áreas rurais e comunidades periféricas, a falta de revendas pode atrasar a entrega dos botijões. Para evitar fraudes, o governo exige identidade visual padronizada nas revendas e promete integrar o sistema ao aplicativo do programa, que mostrará pontos de retirada próximos.

Avaliação política

O Gás do Povo se soma ao conjunto de políticas sociais do governo, reforçando o protagonismo do Bolsa Família como eixo de proteção de renda. A medida também tem forte caráter político: ampliar benefícios em um insumo básico como o gás de cozinha deve gerar visibilidade positiva, mas o custo fiscal pode se tornar alvo de críticas da oposição.

Cenários de custo do programa Gás do Povo

Com forte apelo social, o Gás do Povo reforça o Bolsa Família como eixo central das políticas de combate à pobreza. O benefício pode se tornar uma das principais vitrines do governo, mas também será alvo de críticas da oposição pelo peso fiscal em um cenário de contas apertadas.

O gasto elevado exigirá ajustes nas contas públicas. Especialistas alertam que o programa, embora socialmente necessário, pode pressionar o orçamento federal em meio às restrições do novo arcabouço fiscal.

Por outro lado, o investimento direto pode gerar efeito imediato no consumo das famílias, liberando renda para outras despesas básicas, como alimentação e transporte.

Desafios logísticos

A execução dependerá da capilaridade da rede credenciada, sobretudo em áreas rurais e periféricas, onde a oferta de revendas é limitada. O governo promete reforçar a fiscalização e usar o aplicativo oficial para indicar pontos de retirada próximos e evitar fraudes.

Embora o governo ainda não tenha divulgado a projeção oficial, estimativas baseadas nos valores atuais do botijão permitem calcular três cenários:

O gasto exigirá espaço no orçamento federal e pode gerar debates em torno do equilíbrio fiscal. Economistas apontam que, apesar do custo, a política gera efeito imediato no consumo básico das famílias, reduzindo a vulnerabilidade energética e liberando recursos para outras despesas essenciais.

Desafios logísticos

O êxito da iniciativa dependerá da rede de revendas credenciadas. Regiões rurais e periféricas, com menor densidade de pontos de venda, podem enfrentar dificuldade de acesso. O governo promete integrar a logística ao aplicativo oficial, que mostrará locais de retirada e ajudará a prevenir fraudes.

Comparação internacional

A política de subsidiar gás e energia não é exclusiva do Brasil. 

Outros países latino-americanos enfrentaram dilemas semelhantes:

Argentina: mantém o Programa Hogar, que concede subsídios diretos para a compra de botijões de gás, com valores ajustados periodicamente pelo governo. O custo elevado gera pressões fiscais recorrentes.

México: adota controle de preços do GLP em regiões vulneráveis, além de transferências diretas para compensar famílias de baixa renda. O país enfrenta críticas por distorções no mercado e risco de desabastecimento.

Bolívia: subsidia pesadamente o gás natural e o GLP, garantindo preços muito abaixo da média internacional. A medida reduz custos para famílias, mas é apontada como insustentável no longo prazo diante da queda da produção de hidrocarbonetos.

Peru: possui o programa FISE (Fondo de Inclusión Social Energético), que fornece vales de desconto para compra de botijões de GLP a famílias de baixa renda, em um modelo próximo ao brasileiro.

A comparação mostra que o Brasil se alinha a uma tendência regional de usar o subsídio ao gás como política de proteção social, mas enfrenta o mesmo dilema dos vizinhos: como financiar de forma sustentável o benefício sem comprometer as contas públicas.

Avaliação política

Com forte apelo popular, o Gás do Povo reforça o papel do Bolsa Família como eixo central da rede de proteção social. O programa deve render ganhos de capital político ao governo, mas também abrirá espaço para críticas da oposição em relação ao peso fiscal e à viabilidade de manter o benefício em longo prazo.