Celso Sabino desafia União Brasil, mantém apoio a Lula e anuncia que ficará no governo até a COP30
O ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil-PA), afirmou nesta quarta-feira (8) que permanecerá no governo até o próximo ano, contrariando a orientação da direção nacional do União Brasil, que determinou que todos os filiados deixassem seus cargos na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A declaração ocorre em meio a uma nova crise entre o União Brasil e o governo, após o partido abrir processo disciplinar contra Sabino por infidelidade partidária. A legenda alega que o ministro descumpriu a resolução aprovada em 18 de setembro, que exigia a entrega dos cargos no prazo de 24 horas.
Em entrevista à imprensa, Sabino classificou a decisão da sigla como “equivocada” e “açodada”, afirmando que tentará manter-se no partido por meio do diálogo.
“Pelo bem do turismo, pelos serviços que temos feito em todo o país, e especialmente pelo bem do povo do Pará, pela realização da COP30, vou permanecer no governo”, declarou o ministro.
A Executiva Nacional do União Brasil analisou nesta quarta-feira o processo que pode culminar na expulsão de Sabino. Mesmo sob pressão, o ministro manteve sua agenda institucional e participou de eventos ao lado do presidente Lula em Belém (PA), relacionados aos preparativos para a COP30, conferência climática das Nações Unidas que será realizada em novembro de 2025.
“Fico, tenho confiança do presidente Lula e apoio da maior parte da bancada. Tenho buscado entendimento no partido. Acho que é possível o diálogo. Vim pessoalmente apresentar minha defesa”, afirmou Sabino.
Disputa interna e planos eleitorais
Sabino pretende permanecer no ministério até abril de 2026, prazo limite para a desincompatibilização eleitoral, exigência legal para quem deseja disputar eleições. O ministro planeja concorrer a uma vaga no Senado pelo Pará.
A desincompatibilização é o afastamento obrigatório de cargos públicos por pré-candidatos, com o objetivo de garantir igualdade de condições durante o pleito.
Em meio ao impasse, Sabino reforçou sua aproximação com o presidente Lula, comparando sua decisão ao “Dia do Fico”, quando Dom Pedro I decidiu permanecer no Brasil em 1822.
“Fico ao lado do presidente Lula por entender que é a melhor opção para o Brasil. Não resta dúvida de que esse é o melhor projeto para o país”, disse.
COP30 no centro da crise
A COP30, que será sediada em Belém (PA), é um dos principais argumentos de Sabino para permanecer no governo. O ministro coordena ações de infraestrutura turística e articulação entre ministérios, governos locais e organismos internacionais.
“Estamos há 30 dias da realização da COP30. Não é uma reunião simples. O governo tem feito muitos esforços, e eu estou pessoalmente envolvido. Não vejo como interromper esse trabalho agora”, afirmou.
O evento é visto como uma oportunidade estratégica para o Brasil reafirmar sua liderança global na agenda climática e sustentável, o que reforça o peso político da permanência de Sabino.
Crise em partidos da base
A tensão no União Brasil não é um caso isolado. Também nesta quarta-feira (8), o ministro dos Esportes, André Fufuca (PP), foi afastado do Progressistas por decisão do presidente do partido, Ciro Nogueira, após declarar apoio a Lula.
Os dois episódios evidenciam o dilema enfrentado por legendas de centro-direita que integram a base governista, mas enfrentam divisões internas entre o pragmatismo político e a fidelidade partidária.
