O Silêncio de Lula na crise dos militares é estratégico, avalia Leonardo Cavalcanti, do SBT News


Eu costumo dizer que o silêncio nem sempre pode ser considerado como um erro, por exemplo: a crise provocada por Jair Bolsonaro com à troca nos comandos das Forças Armadas — que deu a maior polêmica dos últimos anos na ala militar, a bem da verdade, desde o governo militar de 64, e que incluiu o Ministério da Defesa — passou longe de Luiz Inácio Lula da Silva. A partir de coincidência conveniente, o líder petista se decidiu pelo silêncio. A estratégia é simples: com a boca fechada, o ex-presidente escapa de armadilhas e erros de cálculo, que possam assustar as tropas, levando-as em definitivo para os braços do atual presidente Jair Bolsonaro, opina Leonardo Cavalcanti no SBT News.

Jaques Wagner e Celso Amorim

Para não se expor nessa crise sem precedentes, Lula convocou dos pesos pesados que integraram o seu governo, é o que informa o jornalista do SBT News, "Os movimentos precavidos fazem parte da estratégia de buscar uma aliança mais ampla e dois nomes foram escalados pelo ex-mandatário da nação: os ex-ministros da Defesa nas gestões petistas Jaques Wagner e Celso Amorim. Os dois abrem caminho com os insatisfeitos do núcleo militar com Bolsonaro, principalmente os demitidos por terem trombado com o núcleo ideológico do governo federal. O jogo é jogado nos bastidores, sem alardes, como as declarações de Lula até aqui", explica Cavalcanti.

Um ponto importante a se destacar, e que esse colunista vem observando: é que Celso Amorim em suas aparições publicas, por meio de lives e entrevistas, de maneira bem estratégica evita 'melindrar' a relação com os militares, fazendo criticas muito pontuais e evitando maiores polêmicas. 

Manifesto ocupou vácuo deixado por Lula

Ainda de acordo com a analise de Leonardo, o vácuo deixado por Lula foi aproveitado pelos presidenciáveis de centro-direita, na ocasião do lançamento do manifesto feito por potenciais presidenciáveis do centro. "A cúpula do PT, porém, avaliou que qualquer manifestação poderia ser mal-entendida e colar ainda mais os militares em Bolsonaro, implodindo a tentativa do ex-presidente em ampliar o diálogo com oficiais que orbitaram nas gestões petistas".

Dois mandatos sem problemas com militares 

"Em oito anos de presidência, nunca tive problema com os militares", afirmou Lula no discurso de 10/3. O jornalista conclui sua analise avaliando a fala do ex-presidente que afirmava "que ele foi o presidente que mais investiu no Exército, na Marinha e na Aeronáutica. Um novo aceno nesse tom será nas próximas semanas, segundo apurou o SBT News. Por ora, entretanto, o plano é o silêncio. A missão de fustigar Bolsonaro por causa da crise aberta com a demissão do ministro da Defesa Fernando Azevedo ficou para os parlamentares petistas", encerrou Leonardo.

Um outro aspecto da crise deflagrada entre Bolsonaro e os militares, e recentemente com à badalada entrevista de Lula ao jornalista Reinaldo Azevedo, na BandNews FM: é a atuação de Mandetta nos bastidores do Dem, para garantir a vaga do partido como o candidato a presidência da sigla em 2022.

Manifesto dos Presidenciáveis do Centro

Para o jornalista Reinaldo Azevedo "a entrada de Luiz Inácio Lula da Silva na disputa eleitoral tem provocado, até agora, apenas desdobramentos virtuosos. Espero que se cumpram as regras do devido processo legal e que juízes não decidam tomar o lugar dos eleitores. Dois desses efeitos foram antecipados por este colunista neste espaço: a necessidade de o tal "centro" se organizar e a emergência de Ciro Gomes (PDT) como uma alternativa de um arco ideológico que vai da direita democrática à centro-esquerda. Vamos ver. Seis pré-candidatos à Presidência divulgaram na quarta (31) à noite um manifesto essencialmente correto em defesa da democracia. Em ordem alfabética: Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB), João Amoêdo (Novo), João Doria (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Luciano Huck (sem partido). O ex-presidente Lula não foi convidado. Faz sentido. Sergio Moro foi. Não faz sentido", escreveu Reinaldo Azevedo em sua coluna da Folha de S. Paulo, nesta sexta-feira (2/4). 
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