Hugo Motta diz que retirada de jornalistas do plenário ocorreu por segurança após ocupação da Mesa


O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quinta-feira (11) que a retirada de jornalistas do plenário, realizada na última terça (9), ocorreu por motivos de segurança. Segundo ele, a Polícia Legislativa tomou a decisão após o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupar a Mesa Diretora em protesto contra a votação que poderia cassar seu mandato.

Em nota, Motta citou o Ato da Mesa nº 145/2020, que prevê a retirada de assessores, servidores e profissionais de imprensa em situações que possam comprometer a segurança. Ele disse que a medida buscou proteger os presentes no plenário.

Após a retirada da imprensa, Glauber Braga foi removido à força por policiais legislativos. Durante a ação, jornalistas relataram agressões, empurrões, cotoveladas e puxões, e alguns profissionais chegaram a precisar de atendimento médico.

A TV Câmara também interrompeu a transmissão da sessão. Segundo a Presidência da Casa, a suspensão seguiu critérios técnicos previstos na Ordem de Serviço nº 5/2022, que determina que, ao ser suspensa uma sessão plenária, a transmissão passa automaticamente para o próximo evento legislativo — no caso, a reunião da Comissão de Saúde.

Entidades criticam ação e apontam censura

A Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) classificou a expulsão como “extremamente grave”, afirmando que a medida representou cerceamento ao trabalho da imprensa e ao direito de informação da população. A presidente da entidade, Samira Castro, disse que a justificativa de segurança não se sustenta, especialmente diante da truculência relatada pelos profissionais.

“Eles foram agredidos, e isso é muito grave. Era possível dialogar com aqueles trabalhadores que estavam ali fazendo o seu trabalho”, afirmou.

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) anunciou que ingressará com ações judiciais contra o presidente da Câmara devido à violência praticada por policiais legislativos.

Reação no Congresso

Hugo Motta havia marcado uma reunião com representantes do Comitê de Imprensa da Câmara para quarta-feira (10), mas cancelou o encontro alegando falta de agenda. Antes da sessão de ontem, o plenário voltou a ser fechado para a imprensa, sem explicação prévia.

Em nova nota, divulgada nesta quinta-feira, Motta lamentou os transtornos causados aos profissionais de comunicação e negou qualquer intenção de restringir o trabalho da imprensa. Ele afirmou ainda que os relatos dos jornalistas serão incorporados à investigação interna sobre possíveis excessos cometidos pela Polícia Legislativa.

Ato de jornalistas

Um grupo de jornalistas realizou um protesto na Câmara nesta quarta-feira, cobrando respeito à liberdade de imprensa e repudiando a violência policial do dia anterior. Imagens registraram a ação rígida dos policiais contra repórteres, cinegrafistas e fotógrafos dentro do plenário.