Itamaraty apoia plano dos EUA para cessar-fogo em Gaza e reforça defesa da solução de dois Estados

O Ministério das Relações Exteriores divulgou, neste sábado (4), uma nota oficial sobre o novo plano de paz proposto pelos Estados Unidos para encerrar o conflito na Faixa de Gaza. O Itamaraty afirmou que acompanha “com atenção” as discussões em torno do acordo e reiterou que o único caminho viável para a paz duradoura no Oriente Médio é a implementação da solução de dois Estados, com Israel e Palestina coexistindo lado a lado, dentro das fronteiras de 1967, e Jerusalém Oriental como capital palestina.

Veja todas às Curiosidades da Política ← Você Sabia?

O chanceler Mauro Vieira declarou, na última quarta-feira (1º), durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, que o Brasil vê “com bons olhos” a proposta norte-americana, que conta com o endosso de países mediadores e apoio crescente da comunidade internacional. Segundo o ministro, o governo brasileiro aplaude a iniciativa de Washington por buscar um cessar-fogo que possa abrir espaço para uma reconstrução política e humanitária em Gaza.

O governo israelense também manifestou disposição em seguir o plano. Em comunicado divulgado nesta sexta-feira (3), o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que Israel está se preparando para a “implementação imediata” da primeira fase do acordo, elaborado sob coordenação dos Estados Unidos. O texto destaca que as ações seguirão “os princípios estabelecidos por Israel, consistentes com a visão do presidente Donald Trump”.

Por sua vez, o Hamas anunciou que aceita discutir o plano de paz com Trump e com Israel, sinalizando inclusive a possibilidade de libertar os reféns israelenses ainda mantidos em cativeiro. A resposta positiva do grupo palestino é vista como um gesto inédito de abertura, em meio a pressões internacionais e à grave crise humanitária que atinge o enclave.

Pontos principais do plano dos Estados Unidos

1. Cessar-fogo e libertação de reféns

O plano prevê o fim imediato das hostilidades e uma ampla troca de reféns e prisioneiros em até 72 horas após a aceitação do acordo. Também contempla a devolução de restos mortais de ambas as partes.

2. Ajuda humanitária e reconstrução de Gaza

A proposta autoriza a entrada imediata de alimentos, água, energia e equipamentos médicos, além da liberação de materiais de construção e maquinário pesado para reerguer a infraestrutura civil. A distribuição seria coordenada por organismos neutros, como a ONU e o Crescente Vermelho. 

3. Nova governança palestina

Um comitê tecnocrático e apolítico palestino assumiria temporariamente a administração de Gaza, sob supervisão de um “Conselho da Paz” presidido por Donald Trump. O colegiado teria como meta preparar a reintegração gradual da Autoridade Palestina, após reformas institucionais.

4. Desmilitarização e anistia ao Hamas

O plano prevê a entrega das armas e destruição completa da infraestrutura militar e dos túneis do Hamas, com monitoramento internacional. Membros do grupo poderiam solicitar anistia ou passagem segura para outros países.

5. Segurança internacional e transição política

Uma Força Internacional de Estabilização, aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, treinaria as forças locais e supervisionaria a retirada gradual das tropas israelenses, garantindo um perímetro de segurança temporário. A medida abre caminho para a autodeterminação palestina e a consolidação de um processo de coexistência pacífica entre os dois povos.

Posição oficial do Brasil

Na nota oficial, o Itamaraty reconheceu os esforços dos países mediadores e expressou “expectativa de que o plano resulte na cessação imediata e permanente dos ataques israelenses à Faixa de Gaza, na libertação dos reféns, na entrada desimpedida de ajuda humanitária e no início urgente da reconstrução do território sob supervisão palestina”.

O governo brasileiro também defendeu a retirada completa das forças israelenses de Gaza e a restauração da unidade político-geográfica da Palestina, reiterando que qualquer força de estabilização deverá contar com mandato legítimo aprovado pela ONU.