Governo lança nova linha de crédito imobiliário e amplia teto do SFH para R$ 2,25 milhões

O governo federal anunciou, nesta sexta-feira (10), em cerimônia realizada em São Paulo, uma nova linha de crédito imobiliário voltada à ampliação do acesso à casa própria e ao estímulo da construção civil. A iniciativa amplia o limite do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), aumenta o percentual de financiamento da Caixa Econômica Federal e modifica regras de direcionamento de recursos da poupança.

Segundo o Palácio do Planalto, o valor máximo do imóvel financiado dentro do SFH passa de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, com foco em famílias de renda média, que vinham enfrentando dificuldade de acesso ao crédito habitacional.

Financiamento maior e retorno de crédito ampliado pela Caixa

O presidente da Caixa, Carlos Vieira, anunciou que o banco voltará a financiar até 80% do valor do imóvel pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) — percentual que estava limitado a 70% desde novembro de 2024.

O objetivo é reaquecer o mercado imobiliário e oferecer condições mais atrativas para compradores e construtoras. Segundo o Banco Central, o novo modelo deve liberar R$ 111 bilhões em recursos já no primeiro ano, o que representa R$ 52,4 bilhões a mais em relação ao formato atual.
Mudanças no uso dos recursos da poupança

Atualmente, 65% dos depósitos feitos em poupança devem ser aplicados obrigatoriamente em crédito imobiliário, 15% ficam livres para outras operações e 20% são recolhidos ao Banco Central (compulsórios).

Com a nova regra, até 5% dos saldos de poupança poderão ser deduzidos do recolhimento obrigatório ao BC quando forem utilizados para financiar imóveis. Isso deve aumentar o volume de crédito disponível sem elevar as taxas de juros.

De acordo com o presidente do BC, Gabriel Galípolo, a medida “amplia o uso dos recursos da poupança combinados com valores captados no mercado, de maneira que o custo dos financiamentos não aumente para o consumidor”.

Transição até 2027 e impacto econômico

O novo modelo será implementado de forma gradual, com plena vigência prevista para janeiro de 2027. Até lá, o direcionamento obrigatório de 65% dos depósitos em poupança será mantido, mas os depósitos compulsórios no Banco Central — atualmente em 20% — serão reduzidos para 15%, liberando mais recursos ao sistema de crédito.

Segundo o governo, a expectativa é de que a mudança estimule a construção de 80 mil novas moradias, com juros abaixo de 12% ao ano, taxa inferior à Selic, atualmente em 15%.

Estímulo à habitação e à classe média

O ministro das Cidades, Jader Filho, afirmou que o novo modelo atende uma parcela da população que estava sem alternativas de crédito:


“As famílias de renda média, que não se enquadravam no Minha Casa Minha Vida, agora terão acesso a financiamento com condições mais justas. Essa medida completa o ciclo de políticas públicas para garantir moradia digna a todos os brasileiros.”

Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, o novo sistema, aliado às recentes mudanças no FGTS, representa “um marco para a habitação no país”, capaz de ampliar o investimento privado e gerar milhares de empregos no setor.