Lula anuncia mutirão nacional contra violência de gênero e defende engajamento dos Poderes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (8) que pretende convocar uma reunião com representantes dos Poderes da República e de diversos segmentos sociais para organizar um “mutirão educacional” de combate à violência contra as mulheres. A iniciativa ocorre em meio a uma onda de feminicídios que tem mobilizado protestos em várias cidades do país.
Durante discurso na 14ª Conferência Nacional de Assistência Social, em Brasília, Lula disse que quer envolver Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal, tribunais estaduais, sindicatos, lideranças religiosas e movimentos sociais. O presidente não definiu data, mas afirmou que tentará realizar o encontro ainda este ano.
Lula destacou casos recentes que chocaram o país, como o de Tainara Souza Santos, atropelada e arrastada em São Paulo no fim de novembro, e o incêndio provocado no Recife por um homem que matou a esposa grávida e quatro filhos. Para ele, a violência de gênero exige mudança de comportamento principalmente entre os homens.
“Combater o feminicídio é responsabilidade nossa. Quem tem que mudar de comportamento não são as mulheres, são os homens”, afirmou. Lula também disse que fará do combate à violência contra a mulher uma prioridade política, defendendo ações de educação nas escolas e dentro das famílias.
De acordo com o Mapa Nacional da Violência de Gênero, 3,7 milhões de brasileiras sofreram algum episódio de violência doméstica no último ano. Em 2024, 1.459 mulheres foram vítimas de feminicídio — uma média de quatro assassinatos por dia. O Ministério das Mulheres aponta ainda mais de 1.180 feminicídios registrados até agora e quase 3 mil atendimentos diários pelo Ligue 180.
Discussão sobre financiamento do Suas
Durante o evento, Lula comentou a PEC 383/17, que prevê destinação mínima de 1% da Receita Corrente Líquida das três esferas de governo para o Sistema Único de Assistência Social (Suas). A proposta já passou por comissões na Câmara e está pronta para votação em plenário.
O presidente afirmou que o Suas é uma das políticas mais importantes já criadas, mas disse que é necessário avaliar a viabilidade econômica antes de garantir apoio integral à PEC. Na mesma linha, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, defendeu um acordo federativo para assegurar cofinanciamento tripartite — entre municípios, estados e União.
Durante a conferência, Dias assinou a criação da Mesa Nacional de Negociação Permanente do Suas, que será um espaço de diálogo entre governo e trabalhadores da assistência social.
